Ser mulher é arcar com dúvidas

Por Júlia Bondan

Ser mulher é arcar com dúvidas. Essa é uma das maiores convicções que eu, no auge dos meus 25 anos, percebi. Dúvidas dos outros: da tua capacidade, da tua verdade, da tua potência. A minha sorte é que sempre fui cercada de mulheres fortes, aquelas que viram tema de música, sabe? E isso serviu de alvo para mirar na pessoa que sou hoje.
Já levei muito desaforo em redações, já entrei no carro de reportagem chorando de cantinho, ja perdi pautas esportivas por ser mulher, ja recebi olhares não profissionais de chefes e colegas por estar de saia. E é claro que isso não foi o suficiente para me fazer recuar.
Desde o primeiro dia como caloura de jornalismo até o dia da minha formatura, nos meus diversos estágios na área, em empregos em redação e fora dela, sempre tive que oferecer 100% e mais um pouco para provar que era capaz, que aguentava a pressão, que fazia meu trabalho bem. Mas nem sempre isso é suficiente: temos que ser perfeitas. Nossos erros são menos toleraodos do que os erros dos nossos colegas homens. Mas isso cansa de vez em quando, não?
Aí está? Somos incansáveis, por isso cada dia 8 de março deve ser celebrado.  E por isso somos cada vez mais mulheres nas salas das universidades, nos estúdios, na produção, na correria atrás da fonte, atualizando sites e mais uma infinidade de lugares que conseguimos conquistar.
Somos indispensáveis.
Somos mulheres.
Um brinde a nós.
Júlia Bondan é jornalista e sommelier de cerveja.

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