Sérgio Vieira de Mello

Por Alexandre Gonzaga A morte do embaixador Sérgio Vieira de Mello, alto-comissário das Nações Unidas, me fez lembrar de alguns rituais protocolares, que saudosa …

Por Alexandre Gonzaga
A morte do embaixador Sérgio Vieira de Mello, alto-comissário das Nações Unidas, me fez lembrar de alguns rituais protocolares, que saudosa e respeitosamente tomei conhecimento ainda em Brasília. Uma professora na faculdade de Jornalismo e também oficial de chancelaria do Itamaraty disse certa vez, em sala de aula, que um dos triunfos do Ministério das Relações Exteriores durante o regime militar no país foi o de sempre ser transparente e preciso em suas informações.
Pois bem, entre os inúmeros papéis exercidos pelo Ministério nos anos de chumbo, um deles foi o de fornecer à imprensa o nome completo de seus servidores. Um capricho para muitos, mas que aos poucos a imprensa brasileira assimilou de forma espontânea, tornando um "case" raro nos manuais de redações. Em todos os noticiários o nome de um servidor graduado do Itamaraty não é abreviado de forma alguma, mas pronunciado e escrito de maneira completa. O diplomata Sérgio Vieira de Mello, e agora herói contra as barbáries do terrorismo internacional, não fugiu a regra desta premissa.
Sérgio Vieira de Mello representa a nossa brilhante capacidade de exercer a diplomacia de forma a preservar princípios básicos da democracia desde as defesas de outro patriota, o Barão do Rio Branco. A diplomacia brasileira, apesar da nossa fragilidade econômica, sempre invocou a soberania das nações como forma de incentivar a paz e a harmonia entre os povos. Sérgio Vieira de Mello deixa a lição de que não estamos equivocados ao falar em nome dos povos menos favorecidos e oprimidos, mesmo assumindo riscos.
Com certeza, a diplomacia e o governo brasileiro continuarão a exigir que os países do chamado Primeiro Mundo reconheçam que o Brasil deve exercer uma função mais decisiva nas Nações Unidas. Sérgio Vieira de Mello era o número dois da ONU. Assim, foi a maior autoridade vítima do terror desde o 11 de setembro. Infelizmente, o diplomata brasileiro era um dos poucos no mundo que teria talvez unanimidade ao concorrer ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas. Cargo, por sinal, disputadíssimo e vaidosamente cobiçado entre políticos de vários países, até mesmo aqui no Brasil.
* Jornalista
[email protected]

Comentários