Spielberg e o futuro da revista impressa

Por Bruno Rodrigues Se os jornais diários de papel só fazem balançar na corda bamba, as revistas parecem estar se saindo bem; aliás, as …

Por Bruno Rodrigues

Se os jornais diários de papel só fazem balançar na corda bamba, as revistas parecem estar se saindo bem; aliás, as revistas já se reinventam com dignidade há dez anos. A explosão do conteúdo na web, por exemplo, ao oferecer textos mais enxutos e um visual de maior impacto, serviu mais com estímulo à adaptação aos novos tempos do que uma visão do apocalipse. Do estilo de linguagem à programação visual, não houve publicação semanal, quinzenal ou mensal que não tivesse mimetizado a mídia digital - na maioria das vezes, com sucesso. Folhear uma revista de 1999 e compará-la com uma de 2009 faz uma imensa diferença.


E as revistas continuam se reinventando. Veja só as surpresas que duas das principais publicações desta década nos apresentam em suas edições mais recentes, prenúncio de que ainda há muito por vir:


. Steven Spielberg, editor da "Empire?
Colocar a tarefa de editar uma revista nas mãos de um diretor de cinema é uma daquelas ideias que nos fazem perguntar "por que alguém não pensou nisso antes??. E se o diretor em questão é Steven Spielberg; a publicação, a inglesa "Empire?; e a edição, a comemorativa de vinte anos da revista, a ideia beira a genialidade. Spielberg pôs o dedo em tudo: da pauta às entrevistas, dos textos às fotos, da diagramação à capa. Algum problema nisso? Nenhum para os leitores, que estão fazendo os exemplares sumirem das bancas e das livrarias. Para os jornalistas é que vale uma pergunta: é fácil assim editar uma revista, sem nunca ter lidado com jornalismo, ou o trabalho de edição de um filme - tarefa a que Spielberg está habituado há mais de trinta anos - é semelhante ao de uma publicação impressa?


. J. J. Abrams, editor da "Wired?
Para quem não conhece, Abrams é visto como o novo Spielberg - ele é o criador de "Lost? e da revitalização da série "Jornada nas Estrelas ? (aquela de Spock & cia.) para o cinema, e mais que isso não é preciso dizer. Abrams pegou a "Wired?, principal revista sobre tecnologia do mundo, e a virou do avesso. Criou uma temática subliminar para a edição - "mistério?, que ele conhece bastante, vide ?Lost? - e transformou a revista em uma questão a ser resolvida, em que o leitor precisa coletar pistas aqui e ali para checar à resolução sabe-se lá do quê. Afinal, é J.J. Abrams! O que sobra disso? Uma pergunta que insiste em martelar na minha cabeça: é preciso contar com um criador de séries para tornar uma revista mais interessante? Sei não, tudo me parece muito estranho?


E você, o que acha desta nova "tendência?? Se já há gritaria por conta de economistas que escrevem colunas para jornais, o que dizer de revistas editadas por diretores de cinema?


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*Bruno Rodrigues é autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, "Webwriting - Pensando o texto para mídia digital", e de sua continuação, "Webwriting - Redação e Informação para a web". O artigo foi publicado originalmente no site www.comunique-se.com.br

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