Talento: matéria-prima descartável

Por Leandro Vargas* A economia do nosso país fez com que todas as empresas mudassem suas políticas de remuneração. A folha de pagamento que …

Por Leandro Vargas*
A economia do nosso país fez com que todas as empresas mudassem suas políticas de remuneração. A folha de pagamento que se vê nos departamentos financeiros não é mais tão gorda quanto um dia já foi. Mas isso não é o pior. Há uma desvalorização do talento de uma forma em geral. As pessoas, razão maior de ser de qualquer empresa, são vistas como algo totalmente substituível, como se a experiência adquirida e os conhecimentos aprendidos com anos de casa não tivessem a menor valia, da mesma forma que a dedicação e o esforço empenhados nas conquistas atingidas, sendo determinantes para tal.
No nosso mercado publicitário, vemos constantemente vários profissionais voarem para São Paulo, não apenas por melhores condições de trabalho, até porque ainda não criaram agência perfeita. Cada um desses profissionais que recebe tal oportunidade vai em busca de um crescimento, principalmente, financeiro. E o objetivo é um fôlego a mais no final do mês. Uma gordurinha para poder construir sonhos muito mais importantes que um Leão de Ouro em Cannes. Prêmios não enchem a barriga de ninguém, mas, muito vezes, são conseqüência, sim, de um trabalho muito bem feito e de ótimos resultados para os clientes.
Temos que aprender a enriquecer não apenas culturalmente e a conta dos nossos clientes. Profissionais de comunicação, seja qual for o departamento, precisam ser melhor remunerados. Isso não é uma campanha política. Tenho minhas ideologias, mas as guardo pra mim e discuto apenas em momentos oportunos. Mas não posso ficar inerte e não levantar uma questão fundamental para todos nós. Que dói. E pior lugar: o bolso.
O talento de cada de um nós deve ser visto como uma ferramenta indispensável para que todos saiam ganhando. Trabalhar na agência X, ganhar prêmio Z, isso não cola mais. Gente competente deve ser remunerada de forma justa. No mínimo. E, a empresa que for evoluída, deve ter na consciência que dinheiro não traz felicidade. Mas a falta dele com certeza constrói profissionais infelizes, que acabam rendendo muito menos. E, no final, todos perdem.
* Leandro Vargas atua na Criação da agência Duecom.
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