Turismo como produto

Por Wilson Müller* Técnicos definem o turismo como indústria. Não há exagero nisso. É que o produto turístico tem grande semelhança com a estrutura …

Por Wilson Müller*
Técnicos definem o turismo como indústria. Não há exagero nisso. É que o produto turístico tem grande semelhança com a estrutura de uma indústria. A diferença é que em vez de fabricar artigos, a atividade turística oferece lazer e entretenimento. Contudo, dizer que o turismo é indústria sem chaminés é uma metáfora cuja validade está na suposta ausência de poluição, o que nem sempre é verdadeiro, pois o turismo pode ser tão poluidor quanto qualquer indústria instalada sem os necessários cuidados destinados a preservação do meio ambiente. O cidadão paga pelos dois tipos de produtos, com uma diferença singular: enquanto ele costuma levar para casa o produto fabricado pela indústria convencional, apenas usufrui do produto oferecido pela indústria turística. Praias, paisagens, rios, cachoeiras, festas folclóricas e tudo mais, continuam no mesmo lugar depois de desfrutados.
De resto, a semelhança entre uma atividade e outra persiste. No caso do turismo, o operador também poderá viajar até o local para perfeito conhecimento dos diversos componentes que farão parte do chamado pacote turístico que será oferecido ao usuário. O agente de viagens desempenha igualmente função semelhante ao do representante comercial da indústria convencional. Ele toma o pedido do consumidor, o turista, e o envia ao distribuidor, no caso, as operadoras ou agências de viagens.
A diferença básica entre o produto da indústria convencional e o produto oferecido pelo turismo consiste no tempo de vida útil de um e de outro, como observa o especialista em turismo, José de Anchieta Correia. De fato, enquanto o produto industrial é consumido pela utilização na casa do usuário, o produto turístico se caracteriza pela preocupação de que se mantenha permanentemente em ótimas condições de uso, como é o caso de uma praia, por exemplo. Pelo simples motivo de que o uso abusivo do produto, somado à desenfreada especulação imobiliária fará com que ele se deteriore, tornando-o inadequado ao consumo. Casos assim, que são freqüentes, não apenas no Brasil como no mundo, devem servir de advertência, tanto para usuários como empreendedores.
* Wilson Müller é jornalista, e preside a Câmara de Turismo do RS.
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