VidCon: produção de conteúdo é pra quem entende de estratégia

Por Greta Paz, para Coletiva.net

Quem chegou na VidCon achando que a pauta era predominantemente criatividade, foi surpreendido. Durante o maior evento sobre vídeos online do mundo, ouviu-se falar muito mais sobre dados e estratégia do que qualquer outro tema.

A VidCon US é a conferência que, anualmente, reúne lideranças da indústria, creators e fãs para apresentar e discutir as novidades relacionadas à produção de vídeos online. O evento ocorre em Anaheim, próximo a Los Angeles, e, neste ano, reuniu mais de 20 mil pessoas.

Com um público tão grande e qualificado em um mesmo ambiente, plataformas aproveitam a oportunidade para trazer seus lançamentos e novas funcionalidades. Em relação ao YouTube, falou-se de um novo formato de remuneração, da possibilidade de fãs apoiarem canais e receberem conteúdos exclusivos, e do YouTube Stories. Mas não é à toa que a IGTV, nova plataforma do Instagram voltada, exclusivamente, para vídeos, foi lançada em 20 de junho, data do início da VidCon. Apesar de trazerem sempre as novidades, o discurso 'vendedor' é o que predomina.

A maioria dos creators fica com receio de se manifestar sobre estas novidades, que ainda não foram testadas. Por isso, acabam focando em boas práticas, exemplos do que estão fazendo e que tem dado certo nos seus canais e perfis. Diversas vezes são cuidados simples, que marcas e personalidades esquecem de ter.

Quando o assunto é o YouTube, por exemplo, Matthew Patrick, creator mais conhecido como MatPat, destacou que temos que ter em mente que as plataformas foram idealizadas por profissionais de exatas e não por artistas ou publicitários. Portanto, é preciso estar muito mais atento ao analytics e algoritmos do que a originalidade na produção. É por isso que, em geral, produtores de conteúdo estão dedicando cada vez mais tempo para observar tendências e métricas antes de começar a gravar.

A ideia central é simples: ser original demais prejudica o alcance do conteúdo. O pior que pode acontecer para o YouTube é uma pessoa sair da plataforma e entrar em outro site ou aplicativo. Por isso, assim que acaba um vídeo, já são indicado imediatamente novos conteúdos semelhantes ao anterior. Esta é a principal forma de impulsionar um canal: ser sugerido pelo YouTube.

Mas para estar em uma recomendação é preciso ser parecido com algo. Ou seja, ser original demais no conteúdo significa tags, títulos e thumbs diferentes, que, dificilmente, serão bem interpretadas pelo algoritmo. Então, o negócio é sair copiando os outros? Claro que não. Talentoso é quem sabe observar as tendências e colocar a sua autenticidade na produção.

Vale dizer que essas plataformas são conservadoras quando o assunto é recomendações de conteúdos. Ninguém quer correr o risco do público sair e não ser impactado por um próximo anúncio. Além disso, palavras que remetam a crime e violência, mesmo que sejam para conteúdos de humor, terão um menor alcance inevitavelmente.

Aos poucos, todos os movimentos vão sendo melhor calculados e racionais. São creators cientistas de dados e estatísticos atuando nas câmeras: mundos que se encontram e se complementam para que o público seja cada vez mais impactado pela produção de vídeos para o digital.

Greta Paz é fundadora da Eyxo.

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