Desobediência como chave para a inovação

Martin Restrepo apresentou cases a partir da quebra de hierarquias e de questionamento às autoridades

Plateia lota palestra sobre desobediência e inovação - Divulgação/Coletiva.net

Quando foi a última vez que você quebrou uma regra? Com essa provocação Martin Restrepo, da Hyper Island, iniciou a palestra 'Uncensored disruption', ou Disruptura sem censura. O palestrante provocou o público, que lotou o hub Casa RBS de Comunicação, a trocar as experiências de desobediência, refletindo sobre as razões que levam alguém a quebrar regras. Ao apresentar os conceitos que o dicionário traz para obediência e desobediência, Restrepo destacou que a disruptura somente ocorre quando os conceitos de autoridade e hierarquia são ignorados e, até, combatidos. "É preciso ter coragem moral, encontrando uma causa que nos leve à luta", afirmou.

Restrepo apresentou diversos cases de desobediência e disruptura, envolvendo produção agrícola, exploração espacial, reciclagem e distribuição de conhecimento. O exemplo brasileiro foi do projeto Pescando com Redes 3G, que levou tablets e internet a pescadores de Cabrália, na Bahia, para que eles pudessem registrar a quantidade e os tipos de pescado e vender diretamente aos interessados. "A gente precisa questionar os intermediários, que definem quem vai comprar o que e por que preço", disse.

O palestrante apresentou o Prêmio Desobediência, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), que entregou US$ 250 mil a quem melhor desafiasse o conformismo e as autoridades, transformando a realidade de alguma comunidade. O projeto vencedor, dos médicos Mona Hanna-Attisha e Marc Edwards, identificou que a água fornecida à população de Flint, nos Estados Unidos, estava contaminada com chumbo, situação que a prefeitura local tentou abafar, segundo apresentação de Restrepo.

Outro caso foi o Bitnation, o primeiro país virtual do mundo. Conforme Restrepo, a partir do uso de criptomoeda, cidadãos de todo o planeta podem criar sua comunidade virtual, onde trocam seus serviços de maneira colaborativa e se auto-organizam, com instâncias de arbitragem de conflitos constituídas pelos próprios usuários. "O que é nação? Conexão pela cultura, língua, território. E se não houver território? Na Bitnation, são pessoas com valores comuns, que constroem acordos de governança", explicou, no que ele definiu como uma "utopia anarquista de construção coletiva".

A partir da plataforma Bitnation, a Estônia está desenvolvendo a Cidadania Virtual da Estônia, ou seja, qualquer pessoa pode obter cidadania estoniana, sem precisar viver ou sequer ir até lá. A partir daí, pode abrir contas e constituir empresa no país europeu, permitindo integração global. Restrepo concluiu a apresentação estimulando o público a identificar qual é a sua causa e qual é o próximo passo dentro deste ativismo. "Existe causa para tudo. Precisamos identificar o que nos toca, o que nos mobiliza e então atuar", provocou.

A equipe de Coletiva.net conta com o apoio do Grupo RBS e do Sicredi para a realização da cobertura em tempo real do BS Festival. Ao longo da programação, a editora do portal, Gabriela Boesel, as repórteres Júlia Fernandes, Luana Nyland, Marla Gass e Patrícia Lapuente, e a publisher Márcia Christofoli produzem conteúdo sobre o evento e seus bastidores, além de alimentarem as redes sociais com tudo o que acontece no evento.

Comentários