A representatividade da sociedade negra entrou em pauta no BS Festival, neste domingo, 18, durante o Exponential, realizado no NAU Live Spaces. Para falar sobre o tema, subiu ao palco Fausto Vanin, que ministrou a palestra 'O único preto do rolê'. "Somos a soma de tudo o que vivemos até aqui", declarou logo no começo da apresentação.

Vanin relembrou sua origem familiar e contou que vem de uma família em que o avô é negro fugido de uma estância no interior de Santa Catarina. "Um escravo que fugiu com minha avó para o Rio Grande do Sul. E o que me trouxe até aqui está pavimentado por uma base", informou. No entanto, o palestrante disse que não se considera uma voz da comunidade preta. "O preço que eu paguei para fazer parte do ecossistema de inovação foi pago por abrir mão de muitas coisas que não eram da minha identidade, de um cidadão preto", falou, dizendo que adquiriu modos, hábitos e uma série de características comumente aceitas na sociedade geral para ser aceito.

"Orgulho de não ter vivido muitas situações de preconceitos, pois eu estava transformado em outra pessoa, em alguém que circulava na sociedade branca, e deixei de me apresentar como uma pessoa diferente", explicou Vanin. Então, questionou: "E as pessoas que não pagam esse preço, como vivem?". Segundo ele, está enraizado na sociedade que a comunidade negra necessita de caridade, e, para ilustrar o comentário, apresentou um comercial da Perdigão, que mostra que, na compra de um chester, outro seria doado a uma família necessitada. Na propaganda, essa família era representada por pessoas negras.

"Somos tratados como minoria no Brasil, quando, na verdade, somos a maioria, o que é provado em uma régua de consciência", afirmou. De acordo com Vanin, diversidade não é olhar para um recorte da sociedade que tem uma necessidade. "Não basta só falar, tem que ter consciência. E se acostumem a ouvir que o mundo está ficando chato, porque isso significa tirarmos da pauta a fala de quem está acostumado com uma outra realidade."

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