A expectativa do eleitor para 2018

Por Elis Radmann

A principal pergunta deste momento é: "Qual é o desejo do eleitor?". Perguntar o desejo do eleitor não é uma tarefa fácil para um instituto de pesquisa, pois o eleitor tem dificuldade de dizer suas expectativas.

O sentimento do eleitor em relação aos políticos se assemelha ao sentimento de mágoa de uma pessoa traída e enganada. Muitos eleitores estão decepcionados, outros frustrados e alguns estão rancorosos.

Com a premissa de que "a esperança é a última que morre", uma parcela dos eleitores tenta renovar as esperanças. Enquanto que a outra se divide entre eleitores descrentes e racionais, que se mostram pragmáticos com a realidade em que vivem.

Neste contexto, durante uma pesquisa o eleitor primeiro precisa desabafar, criticar, reclamar e depois disso é que ele consegue projetar seus desejos, suas expectativas.

A primeira coisa que o eleitor almeja é por uma mudança no comportamento dos políticos ou na forma como o sistema político está organizado. Ele deseja que os políticos façam apenas a sua obrigação: representar o povo com honestidade.

O sentimento de traição está associado à percepção de que a maioria dos políticos atua em causa própria e que a corrupção é uma consequência natural do poder. Para o eleitor, quando um político é eleito passa a ter um cargo e estrutura e fica suscetível as intempéries da corrupção. O eleitor acredita que a maioria dos políticos acaba sucumbindo.

Diante deste contexto o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião questionou aos eleitores gaúchos se o resultado da eleição geral de outubro de 2018 vai fazer a vida melhorar?

- Vai fazer a vida melhorar = 24,9%

- Vai ficar a mesma coisa = 48,9%

- A vida vai piorar = 21,4%

- Não sabe avaliar = 4,8%.

O resultado demonstra que quase a metade dos eleitores não acredita que a eleição de 2018 trará melhoria para a vida das pessoas. E a outra metade se divide entre os que creem em melhoria e os que temem pela piora do cenário.

Quando o eleitor pensa no Brasil, sua maior preocupação é com o combate a corrupção. Na leitura da população, o controle da corrupção tende a diminuir a maior parte das mazelas sociais. É como se a corrupção fosse percebida como um mal que diminui a capacidade do Estado e paralisa os governantes.

Os eleitores fazem ilações de toda ordem. Associam a corrupção da Petrobrás como um dos motivadores da crise econômica. Concluem que crise fomenta o aumento do custo de vida (da energia, dos combustíveis) e, por consequência, afeta a capacidade de compra da população que, por sua vez, propicia o aumento do desemprego. Com mais dificuldades econômicas, aumenta a injustiça social e há mais famílias e jovens vulneráveis a influência e o domínio do crime organizado. O crime organizado se fortalece e aumenta a sensação de insegurança da sociedade.

Por isso que o eleitor afirma que as principais prioridades para o próximo presidente devem ser: economia, segurança e o combate à corrupção. Mas isso não diminui a relevância de temas como saúde, educação e infraestrutura.

É importante destacar que o eleitor não esquece de registrar que, por essência, a educação deveria ser a pauta principal de um governante. A educação tem o poder de transformar o sistema de crença das pessoas a partir da inserção de novas visões de mundo. E a sociedade necessita ter consciência e rever o papel que o jeitinho brasileiro ocupa no cotidiano. E como ele está impregnado nas relações sociais e serve como uma escada para a corrupção.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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