Gurus nos dias de hoje

      Nos dias atuais, os gurus têm a cara do Al Pacino, em Insônia. São pessoas menos que normais, cheias de defeitos, mas com um …

img src="fotos/clo.jpg" align="right" border="1">      Nos dias atuais, os gurus têm a cara do Al Pacino, em Insônia. São pessoas menos que normais, cheias de defeitos, mas com um bom currículo e convicções. Muitos dos meus gurus, hoje, não têm mais a ficha limpa. São mais uma ex-grife, que sustentam sem muito trabalho, pois já nem conseguem repetir a dose cavalar do que apresentavam no auge da construção da marca. Nem mesmo eles se reconhecem. O espelho mágico fica por conta dos fãs, que possuem excelente memória daquilo que deu certo, e, como uma fórmula mágica, continuará perpetuado, compondo um passado que não se extingue.
      Esse papel, de fã, fica comigo e com a policial do mesmo filme Insônia, que vive sob os ensinamentos de seu grande professor. Confronta-o com pensamentos de seus próprios livros, e constrói falsamente a idéia de que ainda existem mocinhos. Nos faz sentir pena de nós mesmos, que idolatramos personagens que não emplacariam no teste mais simples de honestidade. Mas, entra aí o elemento surpresa.
      E essa surpresa é: o mocinho vive sob a pele do lobo. Tudo bem. Somos românticas e procuramos a preservação da espécie. Em arte, quando a realidade é insuportável, inventa-se uma maneira fugitiva de pensar no paraíso. Inventa-se um movimento. E hoje, o que melhor se encaixa é o neo-romântico. Conseguimos construir heróis de escombros, para podermos continuar felizes e crentes de que tudo vai dar, certo?
      Eu e aquela policial, e quem mais quiser engrossar as fileiras do pensamento que acredita nas ex-grifes. Até que estas marcas antigas acreditem naquilo que, um dia, fizeram. Re-vivam os gurus. Estamos aguardando, na primeira fila.
      E por falar em fãs, só pensa em passado quem já tem uma certa idade. Estas clônicas revelam o lado obscuro da força. Perderam a validade para quem convive com as grifes contemporâneas vivas, que ainda não perderam o viço, ou vício, por semelhança sonora, ou ainda virtudes, por consoante inicial: v, de vida.
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