Pesquisar é impreciso

Por Fraga

Além de ferrar com as estratégias de muitos candidatos e na orientação a milhões de eleitores, as pesquisas também se ferraram por conta própria. Quer dizer, se antes havia apenas dúvidas e descrença quanto a pesquisas, a partir daqui a falta de confiança nos institutos está institucionalizada.

Pela incompetência pesquisadora em todo o território eleitoral, dá pra concluir o obóvio: o 2º turno pode ser a maior zona, digo, zorra.

Sem esquecer as conclusões inesquecíveis desde sempre. Por exemplo:

PRIMÓRDIOS

Ainda não havia pesquisas em 1822, mas as margens de erro já existiam, plácidas.

IMPRECISÃO

Esclarecimento fundamental: em qualquer pesquisa política, às vezes a margem de erro é de alguns tontos percentuais.

ALVO

O problema central de todas as pesquisas é que os pesquisadores só pesquisam entre pessoas de opinião mediana.

ESQUISITO

Pelo menos num quesito, pesquisas mostram empate entre os candidatos: a todos faltam requisitos.

FACADA

Evidência nas últimas pesquisas eleitorais: entre os pontos da vantagem de Bolsonaro, alguns vieram do abdômen.

EXTENSÃO

De acordo com certas pesquisas eleitorais, a margem de erro pode ser um litoral de má fé.

CÁLCULOS

Nas pesquisas, cada vez mais as margens de erro se confirmam mal calculadas. Porém, incalculáveis mesmo sãos os erros dos eleitores.

CRENÇA

Pesquisas apontam que a maioria do povo brasileiro acredita em Deus. Pode até ser. Mas duvido que seja um sentimento recíproco.

CONSEQUÊNCIA

Do jeito que conduzem as pesquisas eleitorais, os institutos acabarão por merecer sua própria audiência - nos tribunais.

INESCAPÁVEL

Você nem suspeita, mas faz parte das estatísticas sobre pessoas alheias a pesquisas.

Etc.

Autor
Fraga. Jornalista e humorista, editor de antologias e curador de exposições de humor. Colunista do jornal Extra Classe.

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