Porto Alegre-se nos meses de janeiro e fevereiro

Por Márcia Martins

Porto Alegre, ano após ano, sempre me atrai, quando expulsa com carinho e afeição para não constranger ninguém, com seu calor escaldante parte significativa dos habitantes para as praias nos meses de janeiro e fevereiro. A cidade torna-se indiscutivelmente mais agradável, mais acolhedora, mais silenciosa, mais convidativa ao lazer e ao ócio. Como dizia a tia Rita Lee, nada melhor do que não fazer nada. E eu acrescento: em Porto Alegre nos dois primeiros meses do ano. Ela apresenta-se uma metrópole menos neurótica, menos poluída, menos congestionada nas suas principais vias e avenidas, com menos pessoas disputando a sombra das áreas verdes nos parques e praças próximas a minha casa, onde costumo caminhar nas manhãs dominicais.

Tudo fica mais fácil de ser realizado e porque não dizer mais prazeroso quando Porto Alegre ganha ares de cidade do interior. Daquelas bem bucólicas, com ruas sem movimento e população simpática. O transporte coletivo percorre as paradas/estações nos horários estabelecidos e sem superlotação de passageiros e motorista mal humorado. Dependendo da linha de ônibus a ser utilizada, até o ar condicionado funciona. Não é o máximo? Os shoppings centers podem ser visitados em janeiro e fevereiro sem o perigo de esbarrar com toda a cidade perdida nas escadas rolantes ou não encontrar vagas no estacionamento. E a época é ideal para percorrer os cinemas e antecipar-se para assistir aos filmes indicados ao Oscar.

Nos meses de janeiro e fevereiro, é interessante pagar contas nos bancos porque inexistem aquelas filas intermináveis e chatas, onde tem sempre alguém disposto a contar toda a sua vida. Não que eu seja antipática, não me entendam mal, mas nem sempre estou disposta a travar longas conversas com desconhecidos. E é claro que ninguém gosta de pagar contas, mas fazer o quê? Às vezes, é preciso, não é? Programar um happy com as amigas é estimulante, principalmente se o encontro for em alguns dos barzinhos simpáticos da Cidade Baixa, onde o chope gelado rola solto e a conversa nunca se esgota. Uma taça gelada de espumante também pode ser uma opção nos finais das tardes do Verão em Porto Alegre.

A caminhada na Redenção no meio da manhã de domingo fica mais sedutora e encantadora, apesar daquele sol de torrar os miolos. Realizar pequenos trajetos a pé, entre distâncias pouco significativas, parece um exercício confortável, desde que seja em horas onde o sol não está derretendo os corpos e as cabeças. Programar almoços nos sábados e nos domingos na capital gaúcha também converte-se em uma opção fascinante, não só para variar o cardápio, mas principalmente porque os restaurantes não costumam ter filas nesta época. Logo, não é preciso reservar, ninguém tranca o curso dos buffets livres, as comidas estão na temperatura ideal e o garçom atende com muita simpatia.

Por isso, nada melhor do que caminhar em Porto Alegre nos meses de janeiro e fevereiro. Nada melhor do que fazer exercícios na cidade neste período aproveitando a área livre dos parques e praças. Nada melhor do que passear nos shoppings e até nas ruas movimentadas e admirar as vitrines, os pedestres, observar o fluxo. Nada melhor do que ir ao cinema na capital gaúcha nos dois primeiros meses do ano. Nada melhor do que viver em Porto Alegre nestes meses de calmaria e fuga da população para as praias e outros destinos turísticos. Aceite o meu conselho. Viva na plenitude em Porto Alegre em janeiro e fevereiro. Explore as suas belezas. Conheça seus encantos. Porto Alegre-se. Em março, tudo volta ao normal.

*Coluna originalmente publicada em 17/01/2018.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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