Uma tecla de US$ 10 milhões

Por Flavio Paiva

Já é fato mundialmente conhecido o trainee da Google que, durante um treinamento, apertou uma tecla errada e encaminhou um falso anúncio para um grande número de páginas na internet e aplicativos. A Google - naturalmente - disse que o erro passou despercebido, mas que pôde ser notado por alguns computadores e mobiles dos EUA e Austrália. A Google informou ainda que os provedores de internet que tenham adquirido este "anúncio" serão ressarcidos, recebendo, na soma total, o valor de US$ 10 milhões.

Para a Google, o valor em si não é significativo. O significativo que fica é como um pequeno erro pode disparar um processo em escala global. E, de certa forma, como a Google nos deixou vulneráveis. E se este pequeno erro fosse com seus dados pessoais, qual seria o seu prejuízo? Ou com, mais que dados, seus hábitos?

Este fato mostra a fragilidade de determinados processos ainda hoje, muito depois de revoluções e revoluções de TI. E como, junto com isto, ficamos expostos. Não quero crucificar esta pessoa. Mas o potencial destrutivo que pode ter a Google, com todas as informações que contém, assemelha-se a uma pequena grande catástrofe, em escala planetária. Semelhante a experimentos com Urânio, bombas nucleares, armas químicas. Se os testes das armas químicas se dessem diretamente em humanos, de quantos humanos mortos ou seriamente afetados precisariam as indústrias de armas químicas para fazer um produto "perfeito"?

A função "ops!" não existe na vida para certas coisas. Nestes casos, o estrago pode ser definitivo e dizimar uma vida, deixando o ser humano vivo. Portanto, olá agências internacionais reguladoras (e não falo somente de TI, mas de todos os segmentos), olá governos, olá indústrias!

Este fato da Google não é novidade, já ocorreu com outras empresas de outros segmentos, inclusive. Mas eles definitivamente não podem ficar se repetindo como se nenhum mal trouxessem.

Mas os tempos prometem. Junto com estes erros, podemos - por outro lado - enxergar um futuro alvissareiro (perdoem-me, tirei esta do fundo do baú (fundo do baú é outra que ninguém mais fala) de aprendizado, evolução, desenvolvimento e progresso. O potencial que as empresas e as pessoas têm nas mãos é gigantesco, cresce exponencialmente, o céu é o limite. Então, apesar de todas as ressalvas que fiz, não enxergo um futuro sombrio. Enxergo sim, evolução.

Desde que, é claro, cuidemos quais as teclas iremos apertar, que não sejam os da emissão em massa de anúncios, dados, bombas e - em especial - do coração das pessoas amadas.

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