O curso do rio da Humanidade

A longa estiagem no estado de São Paulo nos últimos meses nos coloca ante uma questão  mais ampla, além do problema iminente de abastecimento …

A longa estiagem no estado de São Paulo nos últimos meses nos coloca ante uma questão  mais ampla, além do problema iminente de abastecimento na capital daquele estado: as fronteiras não limitam os recursos naturais. O abastecimento do estado do Rio de Janeiro está impactando em São Paulo neste momento árido. E então, mais do que repensar as fronteiras, há que se repensar a maneira de encará-las.
As fronteiras foram criadas como delimitadores de soberania, como linhas imaginárias(ou às vezes nem tanto) a partir das quais o outro estado ou país é quem manda(normalmente estabelecidas a partir de recursos naturais estratégicos). Da fronteira para lá, manda aquele país. Sua soberania é total. Pois eu acho que esta estiagem veio trazer mais de uma lição, além da evidente, de que é urgente o cuidado com a Natureza e de que ela começa a cobrar seu preço em São Paulo e certamente atingirá outras cidades e estados do Brasil. A lição mais abrangente é a de que as fronteiras são convenções muito relativas. Elas foram estabelecidas em um momento histórico pretérito e considerando-se a realidade dos recursos naturais de então. O Mundo gira, as luas passam e principalmente o homem atua dilapidando a Natureza. Então, o resultado é um só: o que era não é mais. Inclusive as noções de soberania e fronteira, pois o rio não muda seu curso ao chegar na fronteira que o Homem estabeleceu.
Ampliando ainda mais o pensamento, dá pra ver claramente que somos uma coisa só. Que por mais fronteiras que se estabeleçam, línguas que se fale, cor de povos que haja, estamos todos na mesma barca. Se não formos parceiros, irmãos uns dos outros, voltaremos ao Velho Oeste. A guerra pela água já estava prevista, há muito se dizia que os homens lutariam não pelo petróleo, mas pela água - e, portanto, pela sobrevivência. Só que uma coisa é dizer. Outra coisa é estarmos diante do fato, cara a cara. Agora é a hora da verdade. Vamos ver para onde ruma o Rio da Humanidade.

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