De braços abertos para a terceirização

Depois da Via Sacra, Cristo chega ao Golgotá. A crucificação será noturna, porque é dia de folga dos centuriões da guarda principal e os …

Depois da Via Sacra, Cristo chega ao Golgotá. A crucificação será noturna, porque é dia de folga dos centuriões da guarda principal e os centuriões temporários erraram várias vezes o caminho até o Monte Calvário.
Agora Cristo está deitado na cruz e sofre, sofre muito. Os dois centuriões encarregados dos martelos e cravos já estão tentando pela quarta ou quinta vez fixar Cristo nos travessão. Inexperientes na função, mal pagos, não conseguem acertar a palma das mãos do Filho de Deus. Os cinco dedos já viraram oito ou nove. Mesmos os dois ladrões ao lado foram mal amarrados às suas cruzes e caíram. Um deles ficou pendurado, por pouco não é enforcado.
Um temporal já se armou, só vai atrasar mais ainda a crucificação. O expediente já foi além do horário mas hora extra não existe. Bufando de impaciência com tanta incompetência, o centurião-chefe chama o vice-centurião:
- Porque demoram tanto com um trabalho tão rotineiro, hein?
- Bem, sabe como é, o Império Romano dediciu em investir em mão de obra barata. E esses soldados folguistas só sabem matar com espada, martelar não é do ofício deles. Olhe lá, já tão erguendo o Messias, parece bem firme dessa vez.







No Brasil, todo mundo quer

enrabar todo mundo.


Pena que não é sexualmente.










Falta pouco para aumentar o número

de indigitados no país: assim que


a inflação passar para dois dígitos.










A estatística sobre assaltos

podia ser menor, se ao menos os

estatísticos não fosse assaltados.



 

Da série DÚVIDAS QUE SÓ A MODERNIDADE TRAZ


FRAGA-globalizacao
 






Palíndromo da semana:

É MUDEZA? É SURDO? O DR. USE AZEDUME.


(Para Dráuzio Varela)

 

Decálogo de coisa nenhuma


I

Onde impera o nada, nem imperativos há.

II

Se nada cabe em parte alguma, o resto não tem cabimento.

III

Nada é igual a nada, por isso nada se parece com nada.

IV

Nada mais nulo que o nada, a não ser mais nada.

V

Nada pode ser descrito. Basta não descrevê-lo.

VI

Nada contém nada. Então, continente e conteúdo nada são.

VII

Nada demais é sempre muito nada.

VIII

Nada pesa. Pese o nada e confirme.

IX

Nada leva a nada. Assim nada se desloca.

X

Nada é eterno. Logo, a eternidade também é nada.
FRAGA-Homens-Publicos

Autor
Fraga. Jornalista e humorista, editor de antologias e curador de exposições de humor. Colunista do jornal Extra Classe.

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