Preocupação com a inflação e o desemprego

De modo geral, os gaúchos estão bastante pessimistas ou temerosos em relação à economia do estado e do país e externam essa preocupação nas …

De modo geral, os gaúchos estão bastante pessimistas ou temerosos em relação à economia do estado e do país e externam essa preocupação nas pesquisas de opinião.
Em pesquisa realizada pelo IPO no primeiro semestre de 2015:


  • 77,3% dos gaúchos acreditam que a inflação irá aumentar;

  • 91,7% afirmam que "os preços estão subindo mais do que o aumento de salários". Os gaúchos temem que o aumento de preços seja um caminho para a volta da inflação e que ocorra aumento do desemprego.

  • 68% dos gaúchos temem o desemprego. A maior preocupação está entre a população até 40 anos de idade, em especial, entre os jovens.


O primeiro efeito colateral desta percepção, "deste medo com a inflação e com o desemprego" será a mudança no comportamento de consumo, que está associada à diminuição do poder de compra. O consumidor deve diminuir ou restringir o uso de produtos ou serviços considerados supérfluos e secundários pelas famílias, até a avaliação cuidadosa de troca de bens de consumo duráveis, imóveis ou financiamentos.
Esta percepção negativa dos gaúchos tem o seu principal argumento no aumento dos combustíveis e da energia elétrica. A maior parte dos consumidores compartilha do senso comum, que diz: "Se a gasolina e a luz aumentam, tudo aumenta!". Para o consumidor, este é um momento de reavaliação do cenário, de compreender "onde está" ou "onde deve pisar" e o "que virá pela frente". Este consumidor temeroso, que também é um eleitor cético e descentre, assiste o noticiário, lê os jornais ou troca mensagens na internet e reforça a sua percepção negativa. Os motivos que sustentam esta percepção negativa estão associados a questões econômicas e políticas: além do aumento do custo de vida, relatam os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras, a situação dos governos que acenam para um cenário de redução, com corte de programas sociais, cortes nos direitos dos trabalhadores e até mesmo sinalizando com risco de atraso nos salários dos servidores.
Os gaúchos com mais de 40 anos, que já eram consumidores nos anos 90, afirmam que quando há inflação e economia em dificuldades, as pessoas tendem a "encurtar os gastos", "a não se endividar". Entretanto, a preocupação da população está associada à necessidade de um reposicionamento, tendo em vista que até pouco tempo atrás estava sendo incentivada a consumir. Além disso, a nova classe C estava tendo acesso a muitos bens e serviços, tecnologias e viagens pelo país ou exterior. Com a mudança da tendência econômica, incluindo a indicação de PIB negativo para 2015, os gaúchos terão que refazer as contas pessoais e se reposicionar para um novo cenário. E as empresas? Estas também terão que se reposicionar na busca de oportunidades nesse novo contexto de consumo.
O IPO ouviu 1.501 gaúchos distribuídos em todas as sete mesorregiões do IBGE entre os dias 7 e 13 de abril de 2015. Relatório da pesquisa poderá ser acessado no link Banco de dados do site do IPO, clicando aqui.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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