Coletiva ganhou reprise

Dia 31 de agosto de 1979 mudei-me com a família para o Condomínio Novo Leblon, na Barra da Tijuca. Enquanto Rachel, a primogênita, chegou …

Dia 31 de agosto de 1979 mudei-me com a família para o Condomínio Novo Leblon, na Barra da Tijuca. Enquanto Rachel, a primogênita, chegou no carrinho de bebê, Carla, a caçula, preferiu chegar na barriga da Aurea que acabou sendo saudada como a Mãe do Ano.
Hoje, com quatro shopping centers na sua parte fronteira, além de possuir um ginásio coberto construído com recursos próprios e piscinas térmicas, possui instalações para todos os jogos, inclusive rodas de buraco e até de peteca.  O Novo Leblon foi, por diversas vezes, campeão estadual de bocha. Há mais de trinta anos possui o Centro de Assistência Social e distribui enxovais de bebê para mães carentes. No começo dos anos 1980, como subsíndico, inventei uma horta comunitária, bolei uma fazendinha para a criançada urbana saber que o ovo nãos nasce na geladeira, meu mandato acabou, mas Sylvio Correa, eleito síndico, mandou ver e hoje a fazendinha recebe visitas e a criançada abastece os cabritos que convivem com cavalos, vacas e um monte de bichos. O baiano Sampaio, louco para fazer 90 anos, leu a carta de Pero Vaz Caminha, acreditou e, hoje os 600 mil m2 do condomínio têm mais frutos que o Pomar da Barra.  .
Há mais de 30 anos criei o Informativo Novo Leblon, que hoje, no número 1672 publicou parte da seguinte notícia: "As pessoas podem estar desprevenidas diante de uma apresentação. Mas quando ocorre o contrário, certamente sentem-se melhores. Foi o caso do morador Roberto Castro, que segundo a Coordenação do grupo (de poesia) realizado no espaço da Bocha, na sexta feira passada, leu um belo texto de um dos mais queridos condôminos, o jornalista Mario d Almeida"
Roberto, além de vizinho e amigo, é leitor semanal desta coluna em Coletiva. E fez questão ampliar a divulgação deste texto:
O que você acha?   
Arrancou do calendário a última folha do mês de julho e jogou-a no cesto de lixo. Lembrou-se que fora o mês de seu aniversário e deu de ombros. Chegara àquela idade em que a ordem de grandeza superara a contagem de anos. Deu-se conta que atravessara décadas sem nunca deter-se para avaliar o tempo decorrido. Seu pragmatismo comparava a vida com a água do rio: quando passa, passou. Considerou que passara parte da vida vivendo com tal velocidade que o pensar sobre a vida não cabia na sua vida. Jamais se permitira parar na pergunta: o que é a vida? Sua resposta foi sempre a mesma: a vida é para ser vivida e ela se basta na sua missão. Quando desafiado para explicar o post morte, dizia ser tão simples quanto a vida: será autoexplicado. Qualquer tentativa de explicação é invenção, é inócua, apenas responde à necessidade do homem inventar uma resposta a algo intangível. E nessa cata de resposta, criam-se propostas à inteligência, algo que faça da vida algo com ares de verdade, como se a vida - de fato - não fosse uma verdade, mais que uma verdade, uma verdade absoluta.
Inté.

Autor
Mario de Almeida é jornalista, publicitário e escritor.

Comentários