Mixórdia

Bagunça, misturada, miscelânea, salada. Esses vocábulos estão lá no Google, explicando o significado da palavra mixórdia, até uns trinta anos atrás, usada sempre no …

Bagunça, misturada, miscelânea, salada. Esses vocábulos estão lá no Google, explicando o significado da palavra mixórdia, até uns trinta anos atrás, usada sempre no sentido pejorativo, uma confusão saída da soma do ruim com o pior. Ao começar esta coluna, a palavra mixórdia veio-me à cabeça, por conta própria, insinuando que o que eu sentia, no momento, eram exatamente os diversos significados de uma imensa mixórdia nacional.
Enquanto a presidente virou uma vítima de "panelaços" e nem pode sair à rua, o presidente da Câmara dos Deputados, o "coisa-ruim" Eduardo Cunha, deputado da base governista, declarou guerra à Dilma, sem se desligar de seu partido. Cômico, não? Tragicômico, certamente.
Enquanto a operação Lava-Jato emporcalha boa parte da suposta honra nacional, assim como no caso do "mensalão", chegou, de novo, a vez de boa parcela de advogados faturar fortunas, legitimamente ganhas. Enquanto isso, a situação do povo fica bem representada pelo fato de a Casa de Penhores haver penhorado cuecas.                                                                                      Olhando para cima e pelos lados, sabe-se que a mixórdia, há muito, também habita, por exemplo, a Venezuela e a Argentina.
Por quem os sinos dobram?
Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti. (trecho)
John Donne (1572-1631)
Inté.

Autor
Mario de Almeida é jornalista, publicitário e escritor.

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