Os pontos positivos e negativos da crise econômica

A cada dia os gaúchos estão mais temerosos em relação à economia e a política e externam essa preocupação nas pesquisas de opinião. O …

A cada dia os gaúchos estão mais temerosos em relação à economia e a política e externam essa preocupação nas pesquisas de opinião. O IPO - Instituto Pesquisas de Opinião verificou que:


  • 77,3% dos gaúchos acreditam que a inflação irá aumentar;

  • 91,7% afirmam que o poder de compra está menor (não conseguem mais comprar os mesmos itens com o mesmo orçamento);

  • 68% dos gaúchos temem o desemprego. A maior preocupação está entre a população até 40 anos de idade, em especial, entre os jovens.

  • 1/3 está mais endividado do que o normal em função do comprometimento da renda com o agravo da diminuição do poder de compra e tende a ter que "abrir mão" de alguma de suas contas.


Contudo, uma crise econômica sempre traz aprendizados e no atual cenário há comportamentos positivos e negativos que devem ser observados.
Os principais comportamentos positivos:

  1. Diferentes de outras crises econômicas, neste momento a população tem mais acesso a informações, em especial sobre política e economia (? com smartphone e ½ com redes sociais);

  2. O acesso a estas informações é instantâneo e acontece literalmente em todos os lugares: em casa, no trabalho, na rua?no celular "na palma da mão".

  3. Há mais interação entre a população. Cada dia fica mais fácil emitir opiniões, se posicionar sobre estes temas e compartilhar este posicionamento. A população troca experiências, dicas, sugestões ou pratica escambos para enfrentar a nova situação econômica;

  4. Ocorre o incremento de iniciativas empreendedoras. O orçamento apertado ou comprometido estimula famílias a desenvolverem atividades econômicas que possibilitem rendas ou rendas extras. Quando esta atividade é realizada com diferenciais competitivos, tende a se tornar um case bem-sucedido;

  5. Os momentos de crise econômica são oportunos para instituições, empresas ou pessoas que se propõe a liderar em seu segmento.


Os principais comportamentos negativos

  1. Metade da população gaúcha (menor de 40 anos) não tem experiência com inflação e crise econômica. Viveu sob a égide da estabilidade econômica e não sabe lidar com um cenário de crise;

  2. Os gaúchos terão que reaprender a comprar, trabalhar e economizar em cenário com inflação. Migrando de um cenário com aumento do poder de compra para um onde há diminuição do poder de compra;

  3. A população está "inerte" quanto ao futuro. Há uma percepção de temor com a economia e com a política do país que não permite ao gaúcho ter uma expectativa positiva com o futuro, é um momento de incerteza que não permite uma avaliação a médio e longo prazo;

  4. O gaúcho tem mais informação, mas o debate está mais "acalorado" e "sem profundidade" (principalmente nas redes sociais). Há maior preocupação em emitir uma opinião do que em ter conhecimento e compreensão do tema em debate;

  5. O gaúcho acredita que todos os políticos são responsáveis pela atual situação e tendem a repelir discursos políticos tradicionais.


Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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