No âmago da coisa

Tempos de crise, bicudos. Mas de outra forma, amplamente aproveitáveis. Nestes tempos, chegamos à essência. Na essência da comunicação, pois há redução de verbas …

Tempos de crise, bicudos. Mas de outra forma, amplamente aproveitáveis. Nestes tempos, chegamos à essência. Na essência da comunicação, pois há redução de verbas por parte dos anunciantes e é preciso comunicar somente o mais importante. Se antes era possível fazer alguma ação adicional, neste momento só o essencial é o que importa e o que é viável.
Igualmente na vida de cada um, há uma natural redução (em diferentes escalas, de acordo com o tamanho do ganho de cada um) dos supérfluos, uma concentração no essencial. O foco é o absolutamente necessário, numa espécie de pirâmide de Maslow do ano 2015.
Considero natural do ser humano ir se afastando das suas necessidades mais elementares na medida em que vão sendo satisfeitas (é disto mesmo que fala a pirâmide de Maslow) e ir buscando sempre mais, mesmo que o mais seja o supérfluo. Porém, o ser humano deve estar vigilante para que o supérfluo não se torne o essencial, pois então teremos uma inversão de valores e de comportamento. Quando o supérfluo se torna o essencial, a vida se esvazia de significados e mesmo de objetivos.
Portanto, tempos de carência são muito úteis para que cada um mergulhe dentro de si e faça um exame de duas coisas:
1.Quais são as coisas efetivamente essenciais em sua vida
2.Uma limpeza das coisas supérfluas, sob pena de que elas vão aos poucos se tornando essenciais
Pode parecer papo de pastor, padre ou algum pregador, mas não o é. Quando encontramos a nossa essência, os nossos valores, acabamos encontrando - e este é um dos grandes objetivos deste mergulho interno - o nosso equilíbrio, a nossa verdade.
E não estou falando que a vida não vá ter supérfluos ou algumas satisfações fúteis. Claro que pode e deve, a exigência conosco deve ser de acordo com a visão de mundo de cada um. Não sou igualmente pregador anti supérfluos, muito pelo contrário. Roupas novas, para dar um exemplo, são fonte de satisfação e prazer. A questão na vida sempre é a dose.
Então, mergulhemos. Aproveitemos a oportunidade que a crise está nos dando, ainda que de maneira forçada. Olhemos para dentro e para fora e façamos uma análise do que e porque vale realmente a pena viver.

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