O ‘time’ do tempo de exposição

A urgência no início da veiculação de algum anúncio, spot, instalação de outdoor ou VT deixa a maioria das agências ? e muita gente …

A urgência no início da veiculação de algum anúncio, spot, instalação de outdoor ou VT deixa a maioria das agências - e muita gente que trabalham nelas - doidas. Quase não temos mais tempo para pensar, planejar então, nem se fala. O atendimento chega da reunião com o cliente, entrega o briefing e a data de apresentação da peça/campanha/ideias definida e quase não há jeito de negociação. Sobre esta etapa, cabe um texto somente deste tópico.
Então, quando isso acontece, dá-se um jeito, a criação se vira e entrega o melhor que pode ser feito naquele período curto de tempo para aprovação. Aí tem algumas opções: 1) o cliente aprova e justifica toda a correria pelo tempo estipulado; 2) o cliente sugere mil alterações, engata a criação até altas horas na agência para no dia seguinte ter tudo pronto. 3) Não era nada daquilo que tinha sido brifado. Mas ok, na melhor das hipóteses, rola a aprovação e então, depois de finalizado, a mídia recebe o arquivo e se vira nos 30 para colocar no ar no prazo acordado e desejado.
Tudo lindo até aí ou pelo menos dentro da normalidade. Mas o que eu quero falar hoje é sobre o pós. O pós campanha, pós promoção, pós data comemorativa. É tão caro comprar um espaço para pagar o mico de desejar Feliz Natal já no dia 26. Não vamos longe, hoje é Black Friday e na segunda, aposto que ainda haverá resquícios de anúncios falando da última sexta. Sábado e domingo, nem conta. Sem contar aqueles logos que tem os "XX anos" da empresa, sendo que ela já completou quase meia década e ainda não atualizou a idade.
Tamanha atenção na inserção deveria ser despendida também no controle de saída do ar. Tem que ter algo de gaveta, alguma mensagem institucional. Eu sei que a maioria tem. Se há patrocínio de programa de rádio então, nem se fala. Busdoor e outdoor são os campeões. Há quem goste e pense "mais tempo que a minha marca está exposta e eu nem tô pagando a mais por isso". E aí, o trabalho e a grande ideia acabam não sendo mais tão relevantes.
Pode parecer que estou até tentando ensinar o padre a rezar missa, longe disso. Quando trabalhei em agência, nem participava desse processo. Minha observação é como consumidora mesmo, como alguém que se liga e gosta de publicidade e acredita no retorno que essa exposição traz para quem investe. O tiro só não pode sair pela culatra.

Autor
Grazielle Corrêa de Araujo é formada em Jornalismo, pela Unisinos, tem MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, na Estácio de Sá, pós-graduação em Marketing de Serviços, pela ESPM, e MBA em Propaganda, Marketing e Comunicação Integrada, pela Cândido Mendes. Atualmente orienta a comunicação da bancada municipal do Novo na Câmara dos Vereadores, assessorando os vereadores Felipe Camozzato e Mari Pimentel, além de atuar na redação da Casa. Também responde pela Comunicação Social da Sociedade de Cardiologia do RS (Socergs) e da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Nos últimos dois anos, esteve à frente da Comunicação Social na Casa Civil do Rio Grande do Sul. Tem o site www.graziaraujo.com

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