Onde encontrar respostas?

A cada amanhecer fica mais desafiador explicar ao meu filho de quatro anos o que está acontecendo no mundo. Como um bom ouvinte e …

A cada amanhecer fica mais desafiador explicar ao meu filho de quatro anos o que está acontecendo no mundo. Como um bom ouvinte e curioso, ele me perguntou dia desses por que um "titio" tinha jogado uma bomba em outras pessoas e explodido aquele lugar. Mas sabe ele que o tal titio era um homem bomba e carregava consigo um monte de revolta e sentimentos ruins.
Acostumado a andar de carro, vive pedindo para andar de ônibus e "passear pela cidade". Então ligamos a tevê para tomar café da manhã e ele aponta para tela, mostrando o tal ônibus, que aparece todo incendiado e me questionando: "O que houve mamãe? Por que o ônibus pegou fogo? Foi culpa da gasolina?". E o desafio de esconder que os bandidos se revoltam e tem infinitamente mais poder de fogo e mobilização do que os policiais?
Ainda bem que ele não é do tempo de um dos maiores goleadores do Grêmio, para que não reconhecesse o tão ídolo jogador sendo apontado como um péssimo político e mau exemplo para a sociedade.
E aquele monte de peixinhos mortos, à beira do rio que não têm mais nada de doce? "Por que eles morreram mamãe, lá não é a casa deles? O que houve? E aquela moça que apareceu chorando numa cidade coberta de lamas, ela tá perdida?" E aí? Como dizer a ele que ela só está esperando encontrarem o corpo da sua mãe para poder dar o último adeus?
Tá difícil explicar o quanto é bom ser simpático com as pessoas e o quanto é perigoso ele conversar com estranhos, em qualquer lugar que estivermos. Quando venci a barreira da timidez e ensinei a cumprimentar quem falasse com ele, me deparo com um medo imenso do que algum estranho possa ser capaz de fazer.
Dia desses escutei no rádio uma jornalista comentando que não aguentava mais iniciar o programa com notícias de corrupção e de cunho negativo. Mas não há como não falar, eu sei. A notícia boa vende mais, não adianta.
Com tamanhas barbáries, precisamos dar um jeito de preservar a ingenuidade e a inocência dos pequenos futuros donos do nosso País, para que tenham esperança que o amanhã vai dar certo. Mas como fazer isso? Como será a memória deles? E os livros de história? Qual o conteúdo? São tantas perguntas que não sei por onde começo a elaborar respostas, se é que elas existem.

Autor
Grazielle Corrêa de Araujo é formada em Jornalismo, pela Unisinos, tem MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, na Estácio de Sá, pós-graduação em Marketing de Serviços, pela ESPM, e MBA em Propaganda, Marketing e Comunicação Integrada, pela Cândido Mendes. Atualmente orienta a comunicação da bancada municipal do Novo na Câmara dos Vereadores, assessorando os vereadores Felipe Camozzato e Mari Pimentel, além de atuar na redação da Casa. Também responde pela Comunicação Social da Sociedade de Cardiologia do RS (Socergs) e da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Nos últimos dois anos, esteve à frente da Comunicação Social na Casa Civil do Rio Grande do Sul. Tem o site www.graziaraujo.com

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