Os brasileiros entre o Impeachment e as "diretas já"

O dia 17/04/2016 ficará na história do país como o dia em que os brasileiros acompanharam a atuação de seus deputados durante a votação …

O dia 17/04/2016 ficará na história do país como o dia em que os brasileiros acompanharam a atuação de seus deputados durante a votação do impeachment, em rede nacional, em quase todos os canais de TV aberta do país. As manifestações em "nome de Deus", em nome da família e em nome da representação fiduciária se fizeram presentes na maior parte dos pronunciamentos.
Por princípio, quando o eleitor destina o seu voto a um deputado garante a este o direito da representação fiduciária, onde o parlamentar representa os interesses gerais, recebendo uma "procuração em branco" para representar os seus eleitores, com liberdade para interpretar o "desejo" dos mesmos.
O próximo rito é a admissão, pelo Senado, do processo de impeachment por maioria simples, ou seja, 41 votos. O governo se inclina na criação de um movimento no país de novas eleições, um pedido de "diretas já", que poderia ganhar apoio de alguns senadores e quem sabe a chance de conseguir barrar os 2/3 necessários para o impeachment ser aprovado em votação pelo Senado. Na leitura de alguns, o movimento pelas "diretas já" seria a chance do ex-presidente Lula testar a sua popularidade.
O eleitor assiste a toda esta crise política atônito, cético e descrente. A falta de confiança nas instituições e nos políticos amplia o descrédito do eleitor que almeja por mudanças e não legitima nenhuma liderança nacional. O IPO - Instituto Pesquisas de Opinião tem monitorado pelo menos três tipos de comportamentos:


  1. os gozadores = eleitores que se divertem com todo o espetáculo midiático, tiraram o domingo para se divertir, observando o comportamento e os discursos dos deputados. Este comportamento é maior entre a população de baixa renda.

  2. os preocupados = eleitores que estão assustados com toda a situação política e econômica do país, preocupados com a instabilidade política não percebem possibilidade de retomada do crescimento econômico.

  3. os indiferentes = eleitores que preferem se afastar do debate do impeachment, não assistem ao noticiário e reafirmam o seu desprezo a toda esta situação de instabilidade política, argumentando que os políticos estão atuando em causa própria.


Os eleitores que perderam a confiança na Presidente Dilma, também não depositam confiança em Michel Temer ou em Eduardo Cunha. Neste contexto, a possibilidade de um movimento de "diretas já", com eleições ainda em 2016 possibilitaria ao eleitor a renovação da esperança e a capacidade de estreitar sua relação com líder nacional, desde que os partidos ofereçam novas alternativas evitando que o processo eleitoral "seja mais do mesmo", repleto de "figurinhas repetidas", como teme o eleitor brasileiro.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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