As crises sempre nos ensinam algo!

As crises sempre nos ensinam algo e temos que compreender seus ensinamentos e utilizar os mesmos como ferramenta de evolução individual e social.  A …

As crises sempre nos ensinam algo e temos que compreender seus ensinamentos e utilizar os mesmos como ferramenta de evolução individual e social.  A população brasileira vive uma crise política, econômica e social sem precedentes.
Diferente de outras crises que assolaram o país, esta crise política se caracteriza pelo desmantelamento de uma rede de corrupção que não tem data para encontrar seu ponto final.
A atual crise econômica precede um momento de alta pujança que permitiu uma das mais expressivas mobilidades sociais desde o nascimento do último ciclo democrático. Neste momento o consumidor tenta compreender a conjuntura, conter seus gastos e se prevenir de uma recessão.
A população que observa e é afetada pela crise política e econômica, vive uma crise social que se manifesta por altos índices de desconfiança nas instituições e baixo interesse por política.
Analisar o comportamento da sociedade neste contexto é intrigante e instigante. Ao mesmo tempo que a população se mostra temerária com o atual cenário, manifesta indícios de alterações culturais e comportamentais que sinalizam uma tendência de superação de alguns dilemas perenes à cultura política brasileira, como o "jeitinho brasileiro".
A população assiste estarrecida a cada nova fase da operação Lava Jato e acredita que são necessárias mudanças estruturais que alterem tanto a forma de governar quanto de fazer política. O cidadão acredita que "como está não pode ficar" e, portanto, é necessário que o "certo seja certo" e o "errado seja errado", sinalizando uma preocupação com o quadro situacional e a necessidade de repactuar um novo comportamento social, que prime de forma mais enfática pelo bem comum.
Aos dirigentes políticos, estas crises estabelecem a oportunidade de rever seus conceitos, restabelecendo os elos tênues de representação política, redesenhando os mecanismos de participação política. Momento oportuno para oxigenar os partidos de quadros, que ainda tentam se apresentar como partidos de massa.
As crises postas possibilitam a revisão de conceitos, da sociedade que temos e da sociedade que queremos ter, do político que temos e do político que queremos ter, bem como, do cidadão que somos e do cidadão que podemos ser! A questão a saber é se estamos com a mente aberta para aprender a lição, sabendo que "não há nada tão bom que não tenha algo de ruim e nada tão ruim que não tenha algo de bom!".

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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