Entre o ser e o parecer ser!

A sociologia estuda a sociedade, seu significado tem origem no latim socius (associação, sociedade) e do grego logos (ciência, razão, estudo). A tarefa cotidiana …

A sociologia estuda a sociedade, seu significado tem origem no latim socius (associação, sociedade) e do grego logos (ciência, razão, estudo). A tarefa cotidiana de um instituto de pesquisa com base sociológica busca compreender que nem tudo que "parecer ser", realmente o é!
Sentimos este dilema, essa necessidade de tentar compreender a diferença entre "o ser" e o "parecer ser" no nosso cotidiano, em cada relação estabelecida, seja no local de trabalho, no ônibus ou até mesmo no convívio familiar. Muitas vezes percebemos que o dito não corresponde com a realidade social ou com a realidade individual de quem nos fala. E a distância entre "o ser" e o "parecer ser" tem se ampliado constantemente desde a massificação das redes sociais, tornando cada vez mais as pessoas "escravas" do "parecer ser". As relações sociais passam a ser estabelecidas e "medidas" pelas postagens nas redes sociais, criando uma divisão muito interessante entre a vida de um indivíduo no mundo real e no mundo virtual.
O que era difícil de entender, fica quase que incompreensível! É neste cenário que entra a sociologia, buscando compreender os fenômenos de interação entre os indivíduos, como se constitui sua forma de relação interna nas estruturas (classes ou camadas sociais, redes sociais, valores e cultura, relação com as instituições sociais e até mesmo posição e cumprimento das normas e leis), os conflitos e as formas de poder e cooperação geradas em cada comunidade ou sociedade.
Exemplos práticos da investigação entre este dilema entre "o ser" e "o parecer ser" são facilmente identificados quando se estuda a opinião da sociedade sobre temas polêmicos (como a opinião sobre pena de morte e aborto, etc). Utilizando técnicas dedutivas, a investigação deste tipo de questão começa a partir de uma pergunta geral em que o indivíduo tende a responder a sua posição como "opinião pública" e que retrata, na maioria dos casos, o que o respondente "parecer ser", indo até situações específicas de seu cotidiano, onde ele expõe o que realmente "ele é", ou neste caso, pensa.
Ou seja, pensando em um exemplo prático, a resposta inicial tende a ser favorável à pena de morte, com a justificativa devidamente assentada na situação da segurança pública e com exemplos de cases nacionais. As perguntas seguintes, colocando o indivíduo em uma relação de proximidade com o possível apenado (conhecido, vizinho, chegando até um filho ou irmão) fazem com que o entrevistado mude a sua avaliação, demonstrando o que pensa sobre o tema quando o problema "bate a sua porta"; sua essência de pensamento e avaliação se mostra e os resultados de cada questão são totalmente distintos, demonstrando os ziguezagues que as pesquisas de opinião costumam fazer, conforme a metodologia utilizada.
Esses são exemplos do trabalho do IPO - Instituto Pesquisas de Opinião, que utiliza a ciência como ferramenta de sistematização da informação realizando pesquisas sobre os fenômenos que se repetem nas interações sociais. Os sociólogos observam os padrões comuns para formularem teorias sobre os fatos sociais com os métodos de estudo da sociologia que envolvem técnicas qualitativas (descrição detalhada de situações e comportamentos) e quantitativas (análise estatística que demonstra a generalização dos comportamentos). O IPO - Instituto Pesquisas de Opinião estuda "o ser".

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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