Numa ocasião, vi uma reportagem na TV em que um jogador de futebol confessou ter passado por um determinado momento (ele estava desempregado há um certo tempo) em que ele colocava vídeos seus para ficar assistindo e confirmar que ele tinha aquela capacidade, de que era um atleta talentoso e que era uma questão de tempo para que ele estivesse novamente jogando e fazendo aquelas mesmas jogadas.
No turbulento momento que nosso país atravessa, de dificuldade crescente na área de emprego, muitos pais e mães de família viram-se sem seu ganha pão. Assim, tiveram sua dignidade fortemente golpeada, bem como devem ter se sentido como este jogador: como se não soubessem mais fazer aqueles lances. Precisariam ficar passando o filme das suas possibilidades e virtudes para que não as esquecessem, em momento algum.
Pois é nos momentos de dificuldades em que mais precisamos de nossas virtudes.
Quase todo mundo já passou por este momento ao menos uma vez na vida. Não necessariamente de desemprego, mas de um questionamento ou quase um esquecimento de suas virtudes. Elas tornam-se incertas, pálidas e eventualmente sumidas, não que realmente tenham sumido. Mas é assim que a pessoa sente, como se tivessem escoado e não mais houvesse possibilidade de resgata-las.
Uma das prioridades nestes momentos é exatamente a busca pela revitalização destas virtudes, pois um dos maiores venenos pessoais é o desânimo, em especial em tempos de crise. Há que se fazer um esforço especial para resgata-las, seja através de conversas com amigos ou com a pessoa amada, terapia, aconselhamento religioso, o que for. O fato é que somente com as virtudes novamente brilhantes e pujantes o indivíduo encontra-se apto para enfrentar os embates da vida e seguir em frente, de coluna ereta.