Meu primeiro livro

Escrevi este livro na primeira pessoa porque viagem e bar são aventuras absolutamente pessoais. Indo para a Prainha, no Ceará, o motorista, ao passar …

Escrevi este livro na primeira pessoa porque viagem e bar são aventuras absolutamente pessoais.
Indo para a Prainha, no Ceará, o motorista, ao passar por Mecejana, disse: Aqui nasceu Castello Branco. Isso não tem importância - comentei- mas me consta que aqui nasceu José de Alencar.
O amigo, cambaleante, saiu do Antonio"s e, amparado por Carlinhos Oliveira, sugeriu: Vamos tomar um táxi? E Carlinhos: É melhor não. Não convém misturar.
Uma moça muito simpática, mas totalmente desavisada entrou no Antonio"s e, vendo Cesar Thedim, depois de querer saber da saúde dele, perguntou sobre seus negócios e a vida profissional. Ouviu a seguinte resposta: De manhã, não estou fazendo nada. Em compensação à tarde, o movimento cai muito.
Paulo Mendes Campos encontra Lúcio Rangel no final da manhã, em boemia prolongada: Lúcio, vamos comer qualquer coisa no Antonio"s, só bebida não dá. Lúcio concordou, com a ressalva: Tudo bem, mas vamos tomar qualquer coisa antes, porque eu não como de estômago vazio.
Um júri de solteiros empedernidos, reunidos há dias na varanda do Antonio"s, escolheu como a melhor frase do ano até agora a sentença de uma conhecida dama da sociedade carioca sobre a infidelidade conjugal: antes à tarde do que nunca.
Houve um tempo em que se a gente marcava com alguém para ir a um determinado lugar, marcava encontro no Antonio"s, porque a gente podia até desistir de ir ao outro lugar, mas não se deixava de ir ao Antonio"s.
(Antonio"s caleidoscópio de um bar. Editora Record, 1992)

Autor
Mario de Almeida é jornalista, publicitário e escritor.

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