Seja feliz e espalhe felicidade pelo caminho

Na manhã ensolarada e fria desta quarta-feira de maio, que se inicia sobre uma temperatura gelada inferior a 8 graus, acordo com uma tendência …

Na manhã ensolarada e fria desta quarta-feira de maio, que se inicia sobre uma temperatura gelada inferior a 8 graus, acordo com uma tendência a reclamar de tudo e de todos. Do corpo enferrujado que ao sair da cama de modo súbito já acusa os mais de 50 anos ao ranger de alguns ossos. Da campainha do porteiro eletrônico que sonoramente estridente indica a chegada do pedreiro para prosseguir a obra que conserta a infiltração do banheiro do apartamento. Do exame de saúde marcado para o meio da tarde que exige um jejum de oito horas e que é desagradável e enfadonho. Do desemprego que me atinge, das contas a pagar, da louça esperando alguém lavar, do latido do cachorro, da dor nas costas e tantas adversidades.
Reclamar e encontrar defeitos em todas as situações que se apresentam numa manhã fria de um inverno antecipado é bem mais fácil. Enumerar mil e uma razões para começar a lamentar tudo aquilo que não se prenuncia como foi o nosso planejamento inicial é menos complicado. Listar as encrencas do cotidiano que se acumulam para maldizer a rotina é sempre mais confortável. Afinal, queixar-se da vida, da temperatura, dos compromissos, das tarefas domésticas e de outras mazelas é mais confortável. É só seguir o discurso da maioria. Todo mundo reclama sempre e em qualquer lugar de alguma coisa.
Que tal inverter esta lógica que apenas alimenta a ocorrência de mais e mais situações indesejadas ao longo do dia? Que tal reverter tanta reclamação e trocar esta tendência pessimista de sempre ver o lado mais obscuro de tudo? Que tal riscar do dicionário palavras como maldizer, reclamar, caluniar e todos os seus sinônimos e primos próximos e distantes? Que tal começar este dia e todos os outros, independente do frio, do calor, do sol, da chuva, da falta de dinheiro, dos remédios a ingerir e das dores a se manifestar, com um sonoro e sorridente bom dia?
Experimente começar o dia com a proposta de ser feliz e espalhar felicidade pelo caminho. É simples, fácil, não dói, não é ilegal, nem imoral e não engorda. Seja feliz ao atender o celular, sem se importar com a pessoa que está ligando. Seja feliz ao abrir a porta para o pedreiro, sem considerar que ele começará a fazer um barulho infernal no seu banheiro. Seja feliz ao olhar o tamanho da louça que espera para ser lavada, sem pensar que mais tarde a pia da cozinha poderá estar repleta de novo. Seja feliz ao munir-se de material de limpeza para fazer a faxina semanal no apartamento porque o dinheiro não permite mais pagar uma auxiliar. Seja feliz ao fazer o sorteio das contas a pagar.
Assim como a tristeza que parece alimentar-se e crescer com situações de mais lástimas e pesares, a felicidade também pode fermentar-se com generosas doses de alegrias, satisfações e contentamentos. Por isso, abuse do bem-querer, da euforia, da harmonia, da tranquilidade, da bem-aventurança. Seja feliz e espalhe felicidade. Seja feliz ao respirar. Seja feliz ao viver.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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