O empoderamento crítico do cidadão consumidor!

Está em curso uma mudança comportamental da sociedade que pode ser denominada como o empoderamento crítico do cidadão consumidor. O marco desta mudança comportamental …

Está em curso uma mudança comportamental da sociedade que pode ser denominada como o empoderamento crítico do cidadão consumidor. O marco desta mudança comportamental remonta as manifestações de junho de 2013!
As manifestações de 2013 foram ativadas efetivamente pelas redes sociais, quando metade dos gaúchos já acessavam a internet. As redes sociais socializaram um conhecimento e através de várias metamensagens, as informações compartilhadas nas redes ressignificaram e continuam a ressignificar o papel dos "agentes decisores", criando um novo "politicamente correto": o direito de ser crítico.
Este novo "politicamente correto" está embasado na percepção de que a maioria da população está insatisfeita e parte do pressuposto que um cidadão consumidor tem " o direito e o meio para reclamar". Esta percepção de "direito + meio" permite ao cidadão consumidor utilizar a sua timeline para reclamar, com a mesma intensidade, seja de um amigo, de um produto, de uma marca ou até mesmo de um político ou de todos os políticos.
Este empoderamento crítico não está associado, necessariamente, à origem clássica do conceito de empoderamento social, que pressupõe uma aquisição de consciência coletiva. A consciência do empoderamento crítico se processa de forma individual, cada um se sente no direito de reclamar, de "colocar a boca no trombone" e este "direito de reclamar" não tem muitos limites, tendo em vista que neste mundo virtual não se tangibiliza instantaneamente o constrangimento social que ocorre nas relações pessoais do mundo real. Neste contexto, esta reclamação ou crítica inclusive pode estar baseada em informações falsas, que foram "jogadas" na rede com o propósito de macular uma imagem ou prejudicar uma pessoa.
Este cidadão consumidor empoderado de uma crítica, munido de uma percepção de que detém o "direito e o meio de manifestação" adquire uma nova característica: a exigência! Esta exigência está associada à busca de informação sobre o produto/bem ou sobre o candidato que está sendo avaliado. Este cidadão consumidor tende a se tornar cada vez mais exigente, seja na escolha de um produto, de uma marca ou de sua decisão de voto e terá como aliado "o mundo na palma de sua mão", a informação!

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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