Rádio: mudanças, música, notícia, Ibope etc…

O rádio é um veículo de comunicação curioso. Anos atrás com o acesso mais fácil à televisão (aberta e por assinatura) e às mídias …

O rádio é um veículo de comunicação curioso. Anos atrás com o acesso mais fácil à televisão (aberta e por assinatura) e às mídias digitais, houve quem decretasse que o meio rádio estava a caminho do fim. Mas o rádio não apenas resistiu, como está se reinventando e até ampliando seu espaço sabendo aproveitar a tecnologia para, além de ser ouvido, ser "visto". E isso, sem dúvida, traz uma grande curiosidade? e mais audiência.
A propósito de mudanças e audiências, vale registrar um post do professor Luiz Artur Ferraretto, no Facebook, dias atrás, comentando sobre algumas mudanças na capital gaúcha. Confiram, pois é interessante para quem circula por este meio. "Repito o que disse há um mês: a Caiçara, amparada em nomes como Sérgio Zambiasi e Paulo Josué, vai continuar crescendo. A Rede Pampa, da família Gadret, tem o rádio popular em seu DNA. O Grupo RBS cometeu um erro ao demitir Zambiasi, dando de presente uma arma para o inimigo. A Pampa, no segmento musical popular, registra também excelentes resultados com a 104 e a Eldorado. Ao mesmo tempo, a Farroupilha, ex-casa de Zambiasi, está com uma programação que, de um lado, tem um grande comunicador bem no gosto do povão, Gugu Streit, e, de outro, um dos mais emblemáticos DJs do segmento jovem, Everton Cunha, o Mr. Pi. São ambos ótimos no que fazem, mas de públicos inteiramente diferentes.
Na liderança geral em rádio, a Gaúcha, com 24 horas de jornalismo, segue muito distante de suas concorrentes diretas, consolidando-se como uma das mais importantes emissoras de seu gênero no Brasil. Entre suas concorrentedesconsiderando-se a Grenal, dedicada ao esporte e correndo em faixa própria, quem tem mais chance de crescer em jornalismo é a Guaíba. No entanto, a emissora do Grupo Record perde ouvintes na madrugada ao veicular a programação da Igreja Universal do Reino de Deus, conteúdo totalmente diverso do historicamente associado à marca Guaíba. Tem, deve-se destacar, alguns bons programas em sua grade e uma equipe esportiva aguerrida.
A exemplo da Gaúcha, a Atlântida, com foco no jovem, cada vez menos musical e cada vez mais falada, também aparece consolidada. Destaco ainda, entre as músicas, os bons resultados das rádios Alegria, Mix e Itapema", destacou Ferraretto.
E lanço um pouco mais de lenha nesta fogueira. O que será que atrai mais o ouvinte, notícias ou música? E que tipo de música? E que tipo de notícia? Pois um estudo interessante da Kantar Ibope Midia, divulgado pelo site Comunique-se em 15 de julho, destaca: Música supera notícia e conquista 94% dos ouvintes de rádio. Atentem para o que foi constatado e avaliem.
"Programação musical é o estilo de atração mais popular no meio rádio brasileiro. De acordo com estudo revelado pelo Kantar Ibope Media nesta semana, "música" é o tipo de conteúdo que mais agrada os ouvintes do país, sendo acompanhado por 94% do público.
A pesquisa separou a parte musical por estilos. Dos entrevistados, 50% garantem que acompanham canções sertanejas que são tocadas pelas emissoras. Na sequência, aparecem outras quatro categorias: MPB, sucesso/as mais pedidas (nacional), samba/pagode e sucesso/as mais pedidas (internacional). O rock, que pauta veículos segmentados, não figura na lista.
Não musical
Diferentemente de conteúdo musical, que de acordo com os dados do Ibope não está presente em somente 6% do público que ouve rádio no Brasil, a parte definida pela pesquisa como "qualquer estilo de programa não musical" tem penetração em 83% da audiência potencial.
Na parte "não musical", cinco categorias foram elencadas, com a parte propriamente jornalística sendo representada por "noticiários (locais, nacionais ou internacionais)" e "notícias (policiais, trânsito ou tempo)". O primeiro surge com alcance de 71% do público em potencial, enquanto o segundo tem 61%.
A divisão entrevistas/programas falados" aparece com 34%, sendo seguida por "comentários esportivos" (25%) e "programas religiosos" (24)%.
Sem dúvida, este estudo merece muita atenção dos gestores. Claro, vamos dar um "desconto" porque públicos são diferentes de estado para estado, e conforme as classes populares. No entanto, dá bem uma ideia dos motivos que levam a Gaúcha a estar no topo e da Caiçara estar crescendo. Há também um diferencial enorme: rádios "musicais" não precisam investir tanto em infraestrutura para grandes coberturas jornalísticas, deslocamentos etc. Basta "sentir", o que o povo está gostando naquele momento. Já uma emissora com dedicação ao jornalismo, precisa ter outro tipo de percepção. Mas, enfim, esse universo chamado "rádio" torna-se cada vez mais interessante do ponto de vista de estudos mercadológicos. Ah! Aproveitando o estudo da Kantar Ibope, espero poder falar algo mais da pesquisa, que apontou, além da audiência por tipo de programação, pontos como o horário de pico do rádio em dispositivos e o investimento publicitário no meio em 2015.

Autor
Júlio Sortica é jornalista formado pela Ufrgs. Foi repórter do Diário de Notícias, Zero Hora, Folha da Tarde, Jornal do Comércio, Correio do Povo, Revista Consumidor, editor da Plástico Sul, diretor de O Sul e coordenador de Comunicação da Secretaria de Planejamento do Estado do RS. Fez várias coberturas internacionais, editou publicações segmentadas.

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