Uma campanha eleitoral em multitelas

A campanha eleitoral no rádio e na TV começa neste dia 26 de agosto. Será uma eleição diferente. Seja pela descrença do eleitor em …

A campanha eleitoral no rádio e na TV começa neste dia 26 de agosto. Será uma eleição diferente. Seja pela descrença do eleitor em relação à política e aos políticos na era da Operação Lava Jato, seja pelo empoderamento dos eleitores a partir das redes sociais.
Pesquisas realizadas pelo IPO, em cidades de diferentes portes do RS, indicam que esta será uma campanha de multitelas: o eleitor estará assistindo ao programa eleitoral e comentando no smartphone, para o bem ou para o mal dos candidatos.
O início das campanhas será marcado pela "tendência de um terço":
1) Um terço dos eleitores afirmam que assistirão ao horário eleitoral gratuito na TV ou no rádio. Esta tendência varia de cidade para cidade. A TV será predominante, sendo substituída pelo rádio somente em cidades que não haja programa eleitoral pela TV. Em ambos veículos de comunicação, a tendência é de que o público seja composto por pessoas com maior faixa etária, acima de 35 anos e expoentes das classes C, D e E, em especial, de famílias com renda de 1 a 2 salários mínimos.
2) Em cidades de médio e grande porte 60% dos eleitores estão conectados às redes sociais. Em cidades de pequeno porte, este percentual chega a 30%. Dentro destes percentuais de utilização, inicialmente um terço dos eleitores declaram que acompanharão o pleito através das plataformas digitais. Em especial, a população com idade inferior a 35 anos e com renda familiar acima de 3 salários mínimos.
Com o andar da campanha, a mobilização dos candidatos e pela necessidade de escolher "o menos pior dos candidatos" os eleitores se integrarão nas multitelas. Ou seja, quando o eleitor se integrar ao "tempo da política", assistirá um programa de TV ou escutará o programa de rádio tendendo a responder apelos interativos dos candidatos a fim de se manifestar nas redes sociais. Como a ação será para o bem ou para o mal, se o eleitor perceber algo que o desagrade ou não seja verdadeiro poderá, instantaneamente, repreender um programa ou comercial, registrando a sua indignação nas redes sociais. O eleitor terá a grande tela na frente e a pequena tela na mão. Se a grande tela não for verdadeira, a pequena tela mostrará como o eleitor critico deste pleito estará atento. Quem desconsiderar a força da pequena tela, verá o resultado de uma tela menor ainda, a da urna eletrônica.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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