Do aviso prévio a eleição garantida

Meus dias como cientista social e política e diretora de um Instituto de pesquisa sempre são singulares, mas nesta eleição estão sendo muito mais …

Meus dias como cientista social e política e diretora de um Instituto de pesquisa sempre são singulares, mas nesta eleição estão sendo muito mais instigantes pela revelação de novos paradigmas sociais e políticos.
Estes novos paradigmas influenciam na decisão do voto dos eleitores e na forma como os políticos organizam suas campanhas. De um lado houve a "negação da política" e a ampliação de um eleitor pragmático e crítico. De outro lado, ocorreu a diminuição das estruturas de campanha e os políticos ficaram mais temerários com a avaliação das urnas.
Esta nova conjuntura, que está em transição, configura uma eleição com mais sensibilidade social, com candidatos que precisam estar "conectados" com os eleitores e onde a verdade deve estar acima dos discursos políticos rebuscados de promessas vãs.
E neste novo cenário, o cotidiano de análise de pesquisas do IPO - Instituto Pesquisas de Opinião para os candidatos em várias cidades do RS, tem monitorado quatro tipos de situação:
- Candidatos que já receberam aviso prévio do eleitor = constituído por candidatos que vão à reeleição e que, na situação, não fizeram uma boa gestão ou por candidatos de oposição que não desfrutam de uma boa imagem em termos de capacidade ou honestidade (candidatos que o senso comum já condenou como ficha suja). Neste campo também entram os candidatos que já estão fora do radar de decisão do eleitor pela ausência de propostas factíveis.
- Candidatos que estão sendo advertidos pelos eleitores = neste grupo estão os candidatos que estariam no bojo de decisão do eleitor, mas por utilizarem uma campanha de ataques e desconstituição do adversário saem da lista de possibilidades, "vão para trás da fila". Em torno de 75% dos eleitores não aceitam candidatos que "falam mal" de seus oponentes. O eleitor não quer saber de ataques, mas de soluções.
- Candidatos que estão crescendo nas pesquisas = composto por candidatos que desfrutam de uma imagem positiva, que construíram uma campanha com propostas, que demonstram o "conhecimento do" e "solução para" o problema do eleitor. Estão fazendo uma campanha com sensibilidade social, baseada na realidade e tendem a ter sucesso eleitoral;
- Candidatos que já estão com a eleição garantida = neste grupo estão os candidatos que serão eleitos com ampla margem de votos, resultante de uma gestão séria baseada no acompanhamento permanente dos indicadores que constituem o tripé: política, serviços e comunicação. Ou ainda, há os candidatos de oposição, que adotaram uma linha de proximidade com o eleitor ou até mesmo uma linha messiânica.
A decisão do voto do eleitor é resultante do leque de candidaturas e do contexto de cada cidade. Não é à toa que a frase que mais se ouve nas pesquisas de opinião é "esse é o menos pior". E o "menos pior" atualmente é aquele que entende o dilema do eleitor e tem propostas exequíveis, aquele que consegue fazer "mais com menos".

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

Comentários