O convencimento do eleitor

Tive a oportunidade de vivenciar o clima de eleições aqui na Capital e também dos concorrentes à Casa Branca. Tentei buscar semelhanças durante esta …

Tive a oportunidade de vivenciar o clima de eleições aqui na Capital e também dos concorrentes à Casa Branca. Tentei buscar semelhanças durante esta semana e percebi que quase não há comparação. Lá, o convencimento é de fazer as pessoas irem às urnas, porque o voto é facultativo. E não há tantas opções a serem escolhidas. Este ano é ou ela ou ele. E, ao contrário do que parece por aqui, o favoritismo por lá parece ser do Trump. Em 12 dias que passei nos EUA não vi nenhuma foto dos dois na rua, nenhum santinho, folder ou coisa parecida. Eles apareciam somente nas reportagens de TV.
Daí ontem, como ainda não havia definido meu voto ao futuro prefeito, decidi ver o debate dos candidatos daqui de Porto Alegre. Um apontando o dedo para o outro, tentando denegrir a imagem para conquistar votos, perguntando qualquer coisa e respondendo o que desse na telha. Como não consegui aproveitar tal debate para o que gostaria, passei a analisar tópicos que seriam de comunicação. Entre elas, notei que um dos candidatos, inteligentemente, elegeu algumas palavras-chaves, totalmente coerentes com o seu público-alvo. Era claro que aquilo tinha sido brifado, mas não ficou feio. Ponto na questão marketing, ao menos. A ZH de hoje também pontuou e avaliou os dados apresentados por eles. Aos que decoraram e acertaram, ponto para a equipe de comunicação.
Mas fiquei um pouco frustrada porque, no todo, não brilhou meus olhos como eu gostaria. Cresci no meio da política, gosto de ler sobre, mas ando bem descontente, com a certeza de que não sou a única. Os candidatos de um modo geral parecem mais engajados em denegrir as propostas dos oponentes a realmente apresentarem as suas. Perdem o tempo de falarem suas proposições e conquistarem o eleitor. Talvez seja esse um ponto a ser explorado pela equipe de comunicação, que é a responsável pelo direcionamento e tom do discurso. Arrisco dizer que esse é um ponto em comum nas duas campanhas, o de apontar o dedo para o outro e esquecer que para nós, eleitores, isso é o mais feio e menos efetivo.
E quando falam do seu plano de gestão, os discursos tão positivos e com vontade de mudança que acompanho há alguns bons anos, se tornam vazios poucos meses depois do resultado das urnas. Não dá pra se basear nem nisso. O problema é justamente esse. O que vai ser decisivo para o meu voto?
Ainda não encontrei resposta e domingo tá logo ali. Ainda estamos longe por aqui.  A diferença de lá prá cá é que sou obrigada a ir até a urna, pois esse convencimento por aqui ainda não precisa. Mas será que não é este um bom caminho? O dia que eu sair de casa, por livre e espontânea vontade de eleger aquela pessoa, acredito que teremos uma nova política. Talvez o medo para que isso se torne realidade aqui seja o de que pouca gente se interessaria pelos candidatos atuais.

Autor
Grazielle Corrêa de Araujo é formada em Jornalismo, pela Unisinos, tem MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, na Estácio de Sá, pós-graduação em Marketing de Serviços, pela ESPM, e MBA em Propaganda, Marketing e Comunicação Integrada, pela Cândido Mendes. Atualmente orienta a comunicação da bancada municipal do Novo na Câmara dos Vereadores, assessorando os vereadores Felipe Camozzato e Mari Pimentel, além de atuar na redação da Casa. Também responde pela Comunicação Social da Sociedade de Cardiologia do RS (Socergs) e da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Nos últimos dois anos, esteve à frente da Comunicação Social na Casa Civil do Rio Grande do Sul. Tem o site www.graziaraujo.com

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