O desejo do eleitor às vésperas da eleição

O "tempo da política" é analisado pelos cientistas sociais e políticos do IPO ? Instituto Pesquisas de Opinião como o período de cristalização da …

O "tempo da política" é analisado pelos cientistas sociais e políticos do IPO - Instituto Pesquisas de Opinião como o período de cristalização da intenção de voto, onde o eleitor avalia o processo e tende a decidir o seu voto.
Tradicionalmente, o "tempo da política" está associado aos quinze últimos dias de campanha. Com a mudança da legislação eleitoral, que privou o contato entre representantes e representados, houve diminuição deste tempo, para menos de uma semana. Ou seja, o processo eleitoral de avaliação efetiva da candidatura e cristalização do voto deve ocorrer nesta última semana.
Soma-se este novo modelo de legislação eleitoral ao aumento do descrédito do eleitor que tende a negar a política, têm-se uma situação de congelamento de cenários eleitorais e aumento de eleitores indecisos, brancos e nulos.
O eleitor se tornou mais crítico, mas não necessariamente mais consciente politicamente. Significa dizer que o eleitor crítico reclama mais, avalia os governos de forma mais negativa, confia menos e quer distância do processo eleitoral. Um terço dos eleitores de cada cidade acompanha o processo à distância, procurando subterfúgios para protelar sua decisão.
O processo de decisão eleitoral levará em consideração o desempenho da última gestão, os atributos dos candidatos e, em especial, as propostas. O eleitor procura minimizar o risco de sua decisão, utilizando alguns parâmetros subjetivos para avaliar o candidato que ele considera "menos ruim":
- Honestidade: Com a ampliação das denúncias de corrupção, essa característica amplia-se e será monitorada observando a ficha limpa do passado dos candidatos, incluindo sua capacidade de cumprir o prometido.
- Pulso firme: A reativação da cultura política personalista tem sido uma estratégia de sobrevivência dos eleitores, que acreditam que optando pela pessoa do candidato deverão primar pelo político com capacidade de mando, de gerenciamento, que "saiba administrar" e zele pelo bem público e pela execução dos serviços, "faça o que precisa ser feito".
- Plano de governo factível: Os eleitores almejam candidatos que tenham foco e primem pelas demandas essenciais em relação aos serviços públicos. A prerrogativa é para fazer funcionar os serviços públicos que não funcionam. O eleitor não quer a promessa de um novo posto de saúde, enquanto os postos de saúde existentes não funcionem.
- Moralidade pública: Esta característica nasce pós operação Lava Jato. Os eleitores exauridos com as promessas não cumpridas e com os escândalos de corrupção, rompem com o conceito da ética e se tornam adeptos do conceito da moral. Como a premissa é pela ampliação do personalismo político, o rompimento com o conceito da ética resulta na negação das instituições. O eleitor acredita na pessoa do candidato e pressupõe que a aproximação com o mesmo pode gerar a retomada do "fio-de-bigode".
Diante desta conjuntura, o candidato ideal é aquele que tem ficha limpa, mostra atitude para resolver o que precisa ser resolvido, tem solução para os problemas cotidianos e projeto para a cidade, com capacidade de se posicionar como um líder.
 

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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