Inventores do amanhã

  "O progresso não é feito por pessoas que acordam cedo. Ele é construído por preguiçosos tentando achar maneiras mais fáceis de fazer as …


 
"O progresso não é feito por pessoas que acordam cedo.
Ele é construído por preguiçosos tentando
achar maneiras mais fáceis de fazer as coisas."
(Robert A. Heinlein)

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Se estivesse vivo, ele estaria completando 110 anos. Mas suas profecias de futuro já estão se formando ao nosso redor. Robert A. Henlein foi mais do que um escritor da ficção-científica, ele foi um humanista e antecipou as conquistas espaciais, décadas antes delas acontecerem. Em um lampejo de gênio, reuniu duas palavras, "Star" e "Wars" e inventou um dos mais emblemáticos códigos da linguagem do século XX. Que depois seria apropriado por Ronald Reagan, em seu apocalíptico discurso:
"- Vamos nos preparar para a Guerra nas Estrelas."

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Enquanto Robert Henlein criava seu código-do-fim-do-mundo, outro gênio da science-fiction, o russo Isaac Asimov, escrevia as Leis da Robótica, o manual para a nova raça que surgia - o homem cibernético.
Sua novela Eu, Robot, de 1950, definiu as três leis do Cérebro Positrônico, o processador de dados que permitiria aos androides servir aos humanos, mas os proibia de causar mal aos demais e a si mesmos. O nome mudou para Cérebro Eletrônico, intronizado como o avô do hard-disk de nossos computadores atuais.
Uma terceira figura se juntaria a Henlein e Asimov, para formar o Trio de Gênios da ficção científica - o britânico Arthur Charles Clarke. Que se tornou celebridade, ao escrever o roteiro de um dos filmes mais espetaculares e influentes de todos os tempos - "2001: Uma Odisseia no Espaço".
As premonições de Arthur Clarke o acompanharam muito antes de chegar      ao cinema. Em 1934, ainda adolescente, ele apresentou a um grupo de cientistas ingleses o projeto de um sistema de comunicação via satélite, solenemente ignorado e até motivo de zombarias.
Este trio de profetas ficou famosos por suas novelas, que ganharam uma nova seção nas prateleiras das livrarias, chamada Science-Fiction. Mas os três fizeram mais - especularam sobre os efeitos das conquistas espaciais no futuro do planeta, sem esquecer temas como liberdades individuais e capacidade de superação. E, como não podia deixar de ser, os levou à dúvidas e indagações filosóficas. Em "Rama II", Arthur Clarke escreve:
"Eu descobri que existem duas coisas com valores
inestimáveis - apreender e amar.
Nada mais, nem a fama, o poder ou as conquistas
têm o mesmo valor duradouro.
Quando a vida chegar ao final, ao dizer
"Eu aprendi" e "Eu amei",
cada um de nós deveria ser capaz de exclamar: "Eu fui feliz".
Por sua vez, o autor de "Eu, Robot", Isaac Asimov, afirmava:
"As estórias espaciais podem parecer triviais
aos críticos míopes e filósofos de hoje,
mas o âmago da ficção científica
- sua essência - tornou-se
crucial para nossa salvação
- se é que merecemos ser salvos ".

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Talvez a melhor anotação sobre o valor de Henlein/Asimov/Clarke tenha sido a frase que Ray Bradbury ditou ao The New York Times, pouco antes de sua morte, em 2012. O autor dos clássicos "Fahrenheit 451", "O Homem Ilustrado" e "Crônicas Marcianas" apenas resumiu:
"Eles inventaram o nosso amanhã."

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Autor
José Antônio Moraes de Oliveira é formado em Jornalismo e Filosofia e tem passagens pelo Jornal A Hora, Jornal do Comércio e Correio do Povo. Trocou o Jornalismo pela Publicidade para produzir anúncios na MPM Propaganda para Ipiranga de Petróleo, Lojas Renner, Embratur e American Airlines. Foi também diretor de Comunicação do Grupo Iochpe e cofundador do CENP, que estabeleceu normas-padrão para as agências de Publicidade. Escreveu o livro 'Entre Dois Verões', com crônicas sobre sua infância e adolescência na fazenda dos avós e na Porto Alegre dos velhos tempos. E-mail para contato: [email protected]

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