Quanto maior a satisfação do eleitor, menor é a alienação eleitoral

A alienação eleitoral (absenteísmo, brancos e nulos) venceu as eleições em várias cidades do RS. O exemplo dos resultados eleitorais da capital Porto Alegre, …

A alienação eleitoral (absenteísmo, brancos e nulos) venceu as eleições em várias cidades do RS. O exemplo dos resultados eleitorais da capital Porto Alegre, referência esta análise:
- Alienação eleitoral = 38,4%;
- Nelson Marchezan (PSDB) = 29,84%;
- Sebastião Melo = 25,93%.
O que motiva o alto índice de alienação eleitoral está associado, em parte, ao ceticismo do eleitor em relação a política, "a negação da política", cenário em que 95% dos eleitores gaúchos não confiam nos políticos.
A alienação eleitoral também está associada à baixa satisfação dos munícipes de uma cidade com a sua administração municipal. Tomando como referência as 10 maiores cidades do RS, os menores percentuais de alienação ocorreram nas cidades em que os Prefeitos possuíam um indicador de avaliação positiva (ótimo e bom) acima de 45% e conseguiram converter sua avaliação positiva em votos.
grafico Elis_out16
Comparativamente, o gráfico 1, apresenta o percentual de avaliação positiva (ótimo e bom) com o resultado eleitoral dos cinco melhores prefeitos avaliados pelo IPO - Instituto Pesquisas de Opinião no ano de 2016, dentre as dez maiores cidades do Estado.
O prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo (PSB), concorreu à reeleição, com avaliação positiva de 77% dos eleitores, obtendo a maior votação da história, com 76,2% dos votos válidos e uma taxa de alienação eleitoral de 22,15% na cidade.
Já em Canoas, o Prefeito Jairo Jorge (PT), com 67,6% de avaliação positiva, conduziu sua sucessora Beth Colombo (PRB) para o segundo turno com 45,79% dos votos. Não convertendo totalmente sua avaliação positiva em votos, manteve uma alta taxa de alienação eleitoral (40,59%) entre os munícipes.
Em Pelotas, o Prefeito Eduardo Leite (PSDB), com 57,3% de avaliação positiva, elegeu em primeiro turno, pela primeira vez na história da cidade, sua sucessora Paula Mascarenhas (PSDB), com 59,9% dos votos válidos e uma taxa de alienação eleitoral de 18,78% na cidade.
O prefeito Alexandre Lindenmeyer (PT), de Rio Grande, alcançou 50,8% de avaliação positiva e se reelegeu com 52,2% dos votos válidos, sendo que a taxa de alienação eleitoral do município 30,04%.
Alceu Velho (PDT), de Caxias do Sul, desfrutando de 46,9% de avaliação positiva como Prefeito, encaminhou seu candidato à sucessão, Edson Néspolo (PDT), para o segundo turno com 43,5% dos votos válidos e com 21,22% de alienação eleitoral registrada entre os munícipes.
Os dados demonstram que quanto melhor for a gestão de um Prefeito, maior é a sua capacidade de se reeleger ou levar seu sucessor ao segundo turno. A teoria do voto econômico se aplica a estes casos, onde os eleitores tomam sua decisão eleitoral tentando diminuir os riscos de sua escolha. Se o governo vai bem, o eleitor tende a dar mais um voto de confiança.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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