O consumidor e o décimo terceiro

A crise econômica funciona por ondas. Primeiro, afeta o processo produtivo da indústria, para depois atingir as demais áreas da economia. E, por último, …

A crise econômica funciona por ondas. Primeiro, afeta o processo produtivo da indústria, para depois atingir as demais áreas da economia. E, por último, a sociedade como um todo, mudando os hábitos de consumo da população. Estudo comportamentais realizados pelos cientistas do IPO mostram que o consumidor precisa de um ciclo de duração de meio a um ano para alterar seu planejamento doméstico. Este ciclo se altera quando o consumidor se depara com dívidas ou com a falta de recursos, quando "passa a gastar mais do que ganha".
A primeira mudança no comportamento do consumidor se caracteriza pela diminuição do consumo por impulso, que afeta as compras de produtos ou serviços considerados supérfluos. Preocupados com a ampliação de gastos gerados pelas festas de final de ano e com as contas do início do próximo ano, os gaúchos iniciam uma segunda mudança de comportamento, que incide no corte de despesas e na busca de fontes alternativas de recursos.
Diante deste cenário de resguardo financeiro, o gaúcho será mais cauteloso nas compras de final de ano, com tendência declarada de gastar um ticket médio de cada presente, inferior a R$ 100. As festividades de Natal (alimentação, passeio, presentes) tendem a não comprometer mais do que 1/5 do salário da família. Os 4/5 restantes tendem a ser utilizados em três grupos comportamentais, conforme as características ou situação de cada família:
a) O primeiro grupo pensa em "pagar dívidas", ou até mesmo em apenas "equilibrar as contas do mês".
b) O segundo, temeroso com a economia, pensa em poupar, em ter uma reserva técnica, prevendo, especialmente, o aumento das despesas no início do ano (IPTU, IPVA, Educação?).
c) O terceiro grupo tende a investir o 13º salário em presentes, em bens de consumo duráveis ou em produtos destinados à família, incluindo a contratação de serviços necessários para qualificação da moradia. Este grupo vai utilizar o 13º para cobrir fazer um investimento ou conserto que a renda normal não permitiu.
Seja em qualquer dos três grupos, o 13º, servirá como um alento para os gaúchos. Subsidiará, portanto, o replanejamento das férias, onde se deverão explorar as potencialidades na própria cidade de moradia, das praias próximas e, inclusive, o estreitamento da relação entre as famílias, que tendem a resgatar as visitas e os passeios coletivos.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

Comentários