O desrespeito ao que importa

No estudo nacional sobre Direitos Humanos realizado pelo IPO verificou-se que o direito social mais importante é o direito social mais desrespeitado. Os entrevistados …

No estudo nacional sobre Direitos Humanos realizado pelo IPO verificou-se que o direito social mais importante é o direito social mais desrespeitado.
Os entrevistados foram questionados sobre os direitos sociais mais importantes e mais desrespeitados. O direito à vida é o direito civil mais importante para a população brasileira, considerado como o principal direito humano (83,8%). Para a população, o direito à vida está associado a garantia da segurança pública, mas prioritariamente, deve perpassar o direito a saúde pública.
O direito social mais importante para os brasileiros é o direito a saúde (87,2%) e esse direito está associado diretamente ao direito a vida, direito mais elementar da era moderna. Trata-se do acesso a saúde pública, mas também do direito a tratamentos de saúde preventivos, alternativos e a uma política de planos de saúde justa. O contraditório é que no Brasil, o direito social mais importante (saúde 87,2%) é o direito social mais desrespeitado (saúde 84,9%), não é à toa que o tema é central nos sucessivos processos eleitorais.
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A população argumenta que a garantia de seus direitos sociais é mantida pelo apoio da família (64,8%) ou por seu próprio esforço pessoal (37,0%). Na prática, a percepção da população é que o Estado não garante seus direitos sociais básicos, as condições estruturais oferecidas a população criam um sentimento contingencial de Estado mínimo, onde a população "cada vez conta menos com os serviços públicos".
Quando a população é questionada sobre a fonte de conhecimento sobre seus direitos, a família volta ao centro da declaração (73,1%) contra 33,6% de importância da escola e professores.
A análise do direito social mais importante e do direito social mais desrespeitado demonstra duas grandes lições: que a descrença da população em relação a política não está associada apenas a desesperança em relação a demagogia de políticos, antes a situação dos serviços públicos, em especial, a saúde pública do país. E que a capacidade de resiliência do brasileiro é a força motriz que está assentada na família, que é o farol que guia a população.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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