Aprendendo com o futuro

"Qualidade significa fazer certo quando ninguém está olhando." (Henry Ford) É lugar-comum gasto e repetitivo dizer que o homem que inventou o automóvel foi …


"Qualidade significa fazer certo

quando ninguém está olhando."

(Henry Ford)
É lugar-comum gasto e repetitivo dizer que o homem que inventou o automóvel foi um gênio e eterna inspiração para os empreendedores. Mas Henry Ford foi muito mais do que isso - 100 anos antes que os movimentos feministas e de igualdade social saíssem às ruas, ele empregava mulheres, negros e deficientes físicos. E, ao contrário da maioria dos empresários da época, acreditava que bons salários eram investimento. E arrematava: "O empregador apenas repassa o dinheiro, quem paga os salários são os clientes".

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Nos dias atuais, não é difícil identificar as necessidades do consumidor e entregar produtos que satisfaçam suas expectativas. Mas, 100 anos atrás, lançar um novo produto era uma aventura para corajosos. Claro que já existiam visionários, como os engenheiros da Benz, na Alemanha e os da Oldsmobile, nos Estados Unidos, que fabricavam automóveis antes que estradas fossem construídas. Em 1900, um Olds era vendido por 650 dólares, mas Henry Ford visionava um carro que pudesse ser comprado pelos operários que o fabricassem.
E, para que todos compartilhassem da ideia, manda pintar em letras garrafais na parede da Ford Motor Company:
"O melhor produto possível ao mais baixo preço possível."
No entanto, em 1908, quando o primeiro Modelo T foi fabricado, seu custo final chega a decepcionantes 825 dólares. Mas Ford não desiste, perseguindo o objetivo que até hoje desafia o empreendedor - reduzir custos de produção sem sacrificar a qualidade do produto.
E, graças a ainda rudimentar linha de montagem, acontece algo impossível - o Modelo T pode ser vendido por 525 dólares. Anos depois, em 1916, com a melhoria de eficiência na produção, o preço cai para 345 dólares.
São dois milagres com a marca Henry Ford - os operários poderiam comprar o produto que fabricavam e está criada a linha de montagem e o conceito de produção em escala. Em 1909, a fábrica de Ford produz 11 mil carros e, 7 anos mais tarde, com a montagem em série, atinge incríveis 502 mil carros. E mais: empregando mão-de-obra não-qualificada, reduzindo o tempo de montagem e baixando as margens de erro a quase zero. E, acima de tudo, se abre o caminho para a automação industrial, que permitiria fabricar bens de consumo em alta escala.

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Henry Ford inspirou gerações de norte-americanos a adotar o pioneirismo em negócios e empreendimentos. Seu arrojo e visão de futuro provou ser lucrativo desbravar caminhos e desenvolver novas ideias.
Em 1916, o Modelo T invadia as estradas da América, permanecendo por incríveis 87 anos entre os dez carros mais vendidos no mundo. E até hoje, ainda detém a marca do oitavo automóvel mais vendido em todos os tempos. Como acontece com os homens que se tornam mito, muitas lendas - verdadeiras ou não - prosperaram à sombra de Henry Ford, como a que todos os carros deviam ser pintados de preto.
Na verdade, os primeiros Modelos T eram fabricados em várias cores, cinza, azul ou verde. Em 1910, eram pintados de um verde escuro, chamado Brewster Green. Então, em 1913, no processo de reduzir os custos, passaram a ser fabricados em uma única cor - o preto. Esta ditadura da cor durou até 1926, quando os Ford voltaram a ser vendidos em várias combinações de cores, de acordo com o modelo.
Anos mais tarde, revelou-se que a ditadura do preto era mais do que uma simples excentricidade de Henry Ford. Simplesmente, como a tinta preta usada no bloco do motor provou ser a mais barata e durável, ele mandou pintar todos os Modelos T da mesma cor. E decretou:
"Nossos clientes tem a liberdade de escolher qualquer cor
para seu carro, desde que seja preto."

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Autor
José Antônio Moraes de Oliveira é formado em Jornalismo e Filosofia e tem passagens pelo Jornal A Hora, Jornal do Comércio e Correio do Povo. Trocou o Jornalismo pela Publicidade para produzir anúncios na MPM Propaganda para Ipiranga de Petróleo, Lojas Renner, Embratur e American Airlines. Foi também diretor de Comunicação do Grupo Iochpe e cofundador do CENP, que estabeleceu normas-padrão para as agências de Publicidade. Escreveu o livro 'Entre Dois Verões', com crônicas sobre sua infância e adolescência na fazenda dos avós e na Porto Alegre dos velhos tempos. E-mail para contato: [email protected]

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