O liberalismo do gaúcho é contingencial

A instabilidade do cenário político impacta tanto o cenário econômico quanto o social. A sociedade gaúcha está preocupada com a situação econômica do Estado …

A instabilidade do cenário político impacta tanto o cenário econômico quanto o social. A sociedade gaúcha está preocupada com a situação econômica do Estado do RS, tendo em vista que suas mazelas se tornam mazelas da população.
O IPO - Instituto Pesquisas de Opinião recentemente realizou uma pesquisa estadual para compreender se a tendência da sociedade é mais estatista ou mais liberal. Para tanto, testou-se a posição dos gaúchos em relação a vários serviços e se cada um dos serviços avaliados deveria ser realizado pelo Estado exclusivamente ou com Parcerias Público-Privadas (incluindo empresas e ONGs). O estudo verificou que a maior parte dos serviços podem ser geridos por PPPs, de acordo com a opinião dos gaúchos.
A pergunta que foi aplicada: Eu vou lhe citar alguns serviços/ atividades e gostaria de saber quais são essenciais, devendo ser realizados apenas pelo Governo, e quais não são tão essenciais, podendo ser realizados em parceria com empresas privadas ou organizações não governamentais.
Elis 01
Analisando os dados de forma objetiva, pode-se concluir que a sociedade apresenta uma tendência mais liberal por estar apta a apoiar as PPPs, inclusive no que diz respeito a serviços essenciais como educação, saúde e segurança.
A análise dos dados subjetivos, oriundo dos motivos que sustentam esta avaliação, estão associados, porém, a uma tendência mais contingencial do que liberal. A contingência está associada à leitura da realidade, a como o entrevistado interage com cada um destes serviços.
Uma parte dos gaúchos já utiliza os serviços privados na área da educação e da saúde; também acredita que os serviços públicos estão cada vez mais limitados e que a institucionalização de uma parceria público-privada pode regular o mercado, com ofertas dentro de um padrão definido pelo Estado, que deve ser o agente de controle e fiscalização. Já uma outra parcela da sociedade se sente à margem, tendo em vista que não utiliza a rede privada e não recebe ou não consegue acessar o serviço da rede pública. Apoia, então, a ideia de que os serviços sejam executados por PPPs, com a crença de que o acesso seria racional, sem tanto desperdício de dinheiro público.
Os gaúchos avaliam que o principal problema do Estado é o desperdício do dinheiro público. Esta percepção motiva a posição de que as empresas detêm maior capacidade de gestão de processos e, portanto, podem ser mais eficientes na entrega de resultados.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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