Quanto mais um Sindicato prioriza os serviços, mais se distancia de sua categoria

Os Sindicatos classistas, sejam patronais ou de trabalhadores, têm por missão a representação dos interesses imediatos e históricos de sua categoria. Ao longo dos …

Os Sindicatos classistas, sejam patronais ou de trabalhadores, têm por missão a representação dos interesses imediatos e históricos de sua categoria. Ao longo dos anos, os diferentes Sindicatos têm atuado em duas frentes:


  1. a) representação;

  2. b) prestação de serviços.


A representação sindical = pressupõe que o Sindicato tem a delegação de representar legalmente a categoria, levando em consideração os interesses coletivos da mesma. Neste debate, inclui-se a prerrogativa de propor o percentual de aumento nas negociações de dissídios, como parte do processo. Neste contexto, os sindicatos têm o papel de defender os interesses profissionais, sociais e políticos de sua categoria, em sua área de atuação.
A prestação de serviço = a maior parte dos Sindicatos oferece um leque variado de serviços aos seus associados. Em todos eles, prevalece a assessoria jurídica, seguindo de assistência ou convênios na área da saúde. Os Sindicatos que investem muito em serviços acreditam que "sua missão é dar assistência aos seus associados". Nestes casos, os Sindicatos passam a ofertar áreas de lazer (montando clubes, sedes campestres), colocam em funcionamento creches, buscam convênios para desconto de produtos e serviços de sua classe, etc.
O grupo diretivo de uma gestão tem a premissa de decidir o foco de sua atuação: representação ou serviços. Quanto mais energia for gasta com ações na área de serviços, menor será o envolvimento na área da representação e vice-versa.
Sindicatos que investem mais em serviços do que em representação conseguem atrair novos associados, mas a médio e longo prazo, irão se distanciar naturalmente de suas bases. Os associados passam a analisar a importância do Sindicato pela lógica de prestação de serviço, passando a comparar o mesmo com outras ofertas disponíveis no mercado, como associações, clubes sociais ou até mesmo, comparando com os benefícios ofertados pela empresa em que atuam.
Quando um Sindicato prioriza a prestação de serviço, desprestigia a sua missão, que é a representação. Perde o seu propósito, fica sem bandeira e, consequentemente, não tem a crença de sua base.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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