Daqui pra frente, tudo vai ser diferente

Nesta quinta-feira, 8 de junho, termina (ufa), finalmente, o tal do meu inferno astral. Como faço aniversário na sexta-feira, 9 de junho (por favor, …

Nesta quinta-feira, 8 de junho, termina (ufa), finalmente, o tal do meu inferno astral. Como faço aniversário na sexta-feira, 9 de junho (por favor, todo mundo antenado para não se esquecer de me felicitar, porque geminiana adora ser paparicada), o período mensal de 30 dias que antecede a comemoração e que consiste no temido inferno astral, irá terminar. E, se este ano, como já fiz referência aqui em outra coluna, o inferno chegou com antecedência insuportável, sinto que ele está saindo da minha vida, da minha rotina, dos meus dias e noites e, com certeza, pode retirar-se, nem precisa esperar a data oficial de partir.
Ao consultar o amigo Tio Google, li que o astrólogo Dimitri Camiloto afirma que o nosso aniversário é como carregador de energias, que é como se nós completássemos o combustível para viver mais um novo ano, muito mais do que o ano novo porque este dia é só nosso. Recebemos muitos parabéns, abraços, desejos de felicidades, sentimentos cheios de energia positiva que recarregam nossas pilhas. Camiloto diz que então no inferno astral é como se já estivéssemos com a bateria bem fraquinha, "com pouca carga já que o último carregamento foi há 11 meses".
O que me leva a crer que daqui pra frente, tudo vai ser diferente (epa, rolou até uma letra de música do rei Roberto Carlos). Começo a viver uma nova vida, só com cenas felizes de final de novela, de filme água com açúcar, de conto de fadas, sem bruxa má de cabelo louro escorrido e com verruga no nariz puxando meu tapete. Juro que não tenho mais medo do que possa me ocorrer, porque só viverei dias e noites que eu realmente tenha merecido e sei que sou um atrativo para as coisas boas invadirem meu cotidiano. Não evitarei mais passar embaixo de escadas e nem fugirei mais dos gatos pretos. Sinto que vou renascer, a partir do dia 9, fermentada para a felicidade e sei que estou armada para a vida.
Nada de olho gordo, inveja de colega, conta não paga (ai, será?), cobrador chato telefonando, vazamento nos canos do banheiro, gente de cara feia que parece já acorda chupando um limão bem azedo, emails de currículo sem resposta, uma vez que sou uma excelente profissional e quem não me chamar não sabe o potencial desperdiçado. Nada mais terá o poder de me tirar do eixo, de me levar às lágrimas, de me fazer praguejar, de desejar apagar acontecimentos, de me sentir a última das criaturas deste mundão de meu Deus.
A partir de agora, e azar de quem tem inveja (estou bem protegida), usarei todos os antídotos legais para ser feliz. Sabem por quê? Simples. Porque tenho amigos muito especiais que sempre me proporcionam uma colheita farta. Porque eduquei uma filha que só me dá orgulho, que é um exemplo de pessoa, de cidadã, de mulher e de amiga. Porque tenho familiares que me estendem a mão e dividem comigo momentos de amor e compreensão. Porque apesar do desemprego na minha profissão de jornalista, procurei alternativas para não permanecer no ócio. Porque sei de todos os meus limites e dos meus desvarios. E por falar nisto, porque eu amo o Chico Buarque. E porque compreendi que cada um dá apenas o que pode.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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