Pode faltar crença, mas não falta opinião!

No corre-corre do dia a dia a prioridade é "tocar a vida": trabalhar, estudar, cuidar da saúde, conviver com parentes e amigos, ir atrás …

No corre-corre do dia a dia a prioridade é "tocar a vida": trabalhar, estudar, cuidar da saúde, conviver com parentes e amigos, ir atrás de sonhos pessoais, resolver problemas e superar dificuldades. E é nesse cotidiano que a população absorve o conjunto de notícias e informações sobre os acontecimentos políticos e econômicos e forma seu "juízo de valor" sobre o "país em que vive" e "o país que gostaria de viver".
As pesquisas do IPO - Instituto Pesquisas de Opinião indicam que a população gaúcha percebe quatro dilemas que assolam o Brasil: a corrupção, a burocracia/ ineficiência dos serviços, os privilégios e a alta carga tributária.
Na perspectiva da sociedade a corrupção é tão permissiva que ativa os outros dilemas de forma permanente, criando um círculo vicioso, na seguinte lógica: "gestores corruptos, desenvolvem leis casuísticas para ampliar a burocracia, possibilitando a efetivação de privilégios e a manutenção da fonte de renda".
Analisando alguns resultados de pesquisa de opinião realizadas no Brasil pelo Datafolha*, verifica-se a tendência do comportamento no país:
- Os brasileiros estão divididos sobre o futuro do país e da corrupção após a conclusão da operação Lava Jato: 45% acreditam que a corrupção diminuirá, 44% acreditam que a corrupção está enraizada e continuará após a operação Lava Jato, para 7% a corrupção aumentará e 4% não tem posição a respeito do tema. Os mais jovens se mostram mais céticos e acreditam que a corrupção se manterá.
- A população tem acesso sobre os debates da Lava Jato e 84% dos brasileiros declaram que tem conhecimento sobre a lista da Odebrecht. Quando a pesquisa avança e questiona-se sobre o nível de informação, apenas 25% afirmam que estão "bem informados" sobre o tema. A grande parcela que se declara "pouco informada", mostra sua reticência sobre o tema.
- A população acredita que os políticos são beneficiários diretos dos esquemas de corrupção (60%) e 85% da população deseja eleições diretas. A grande maioria (77%) afirma que os representantes do povo que estão sob investigação, deveriam ser afastados de seus mandatos.
O Datafolha questionou os brasileiros sobre o cotidiano de debates, no círculo de relacionamento, relativo a atual conjuntura política: 74% afirmam que não debatem o assunto com os amigos e parentes. A população tem opinião e emite a sua posição, mas a desconfiança aliada à cultura de parca participação política desmobiliza os debates sobre o tema.
*Para ter acesso a pesquisa Datafolha consultar: http://datafolha.folha.uol.com.br/opiniaopublica/indice-1.shtml

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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