Um dedo no jornal e outro no teclado

Eu sou daquele tempo de sentar para tomar café da manhã e sujar os dedos folheando jornal. Talvez por ter tido esse exemplo em …

Eu sou daquele tempo de sentar para tomar café da manhã e sujar os dedos folheando jornal. Talvez por ter tido esse exemplo em casa desde pequena, quando via o ritual diário do meu pai, mergulhado entre um mamão e três exemplares de jornais. Hoje, ainda tenho uma assinatura física, que todos os dias, ao passear com meu cachorro de manhã, aproveito e abro a caixa do correio para subir com meu exemplar antes do café. Mas dia desses me dei conta de uma cena que inspirou este texto. Estava eu, meu mamão no centro, o jornal do lado direito e o celular no esquerdo, com um aplicativo de notícias aberto.
Foi então que refleti que, algumas daquelas notícias online que eu fiquei sabendo ainda cedo da manhã, estariam estampadas no exemplar impresso do dia seguinte. Então optei por me atualizar do que estava rolando naquelas horas, certa de que ao longo do dia, já teria conhecimento da maioria do conteúdo do jornal de amanhã. E meu jornal ficou de lado.
A comunicação mudou, faz tempo. A internet mexeu com tudo, é fato. E certos apegos e manias estão sendo deixadas para trás, ao longo do tempo. Eu ainda insisto em chegar no trabalho e tentar me interessar pelos exemplares que costumam ficar em cima da minha mesa. Mas ao fazer login e abrir minhas abas fixas do navegador, me dou conta que, mais uma vez, deixei o físico de lado e mergulhei no virtual. É o futuro, todos sabemos. Tomara que as redações e seus gestores tenham a sabedoria na hora de inovar, capacitando seus funcionários e impedindo demissões em massa. Afinal, muitas notícias ainda são produzidas pelos mesmos dedos que um dia se sujaram de jornal.

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