Em nome da sociedade?

Não faz nem um ano que houve a cassação do mandado da Presidente Dilma Rousseff e a semana já começou com os holofotes na …

Não faz nem um ano que houve a cassação do mandado da Presidente Dilma Rousseff e a semana já começou com os holofotes na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, com o parecer favorável do relator Sergio Zveiter (PMDB), à continuidade da denúncia do procurador-geral da República contra o Presidente Michel Temer por corrupção passiva.
Os argumentos de defesa do Presidente se dividem entre os limites legais das provas, em especial, na autenticidade e ilicitude das gravações e a necessidade de manter a estabilidade política e econômica do país, com a manutenção das reformas estruturantes do Brasil.
O relator afirmou "que impedir o avanço das investigações e seu devido julgamento seria ampliar perigosamente o abismo entre a sociedade e as instituições que a representam" e que a sociedade tem o direito de ver os fatos esclarecidos.
A preocupação com a sociedade é vital e primordial em um Estado Democrático de Direito e neste cenário, as próprias autoridades políticas estão sujeitas ao respeito das regras de direito. Além disso, o abismo já existe e a maior parte da população não confia nos três poderes constituídos.
A sociedade encontra-se extremamente desconfiada e cética com o cenário político e a descrença desmobiliza a população, fazendo com que mais de 90% da sociedade não tenha interesse em se manifestar publicamente. Os dados divulgados pelo Datafolha indicam que 69% consideram a gestão do Presidente Temer como negativa (ruim ou péssima) e 83% dos Brasileiros avaliam que Temer teve participação em corrupção.
Além da descrença com a política a população tem receios em relação a situação econômica do país e ao aumento do desemprego. A desconfiança com os políticos, aliada a incerteza política, interfere no cotidiano de consumo da população. Preocupados e desmotivados, os consumidores diminuem suas expectativas de consumo, controlando seus gastos e ampliando os indicadores negativos da economia.
A população espera por um novo ciclo, almeja por um líder, um gestor que assuma o comando do país e que motive uma reforma política. Uma reforma que vise a busca pelo "bem comum" em detrimento do interesse pessoal, que atualmente vigora de forma permissiva na política brasileira.
Em "nome da sociedade" os líderes precisam ativar os mecanismos de aperfeiçoamento do Estado, para que o mesmo atinja o quanto antes o equilíbrio entre a liberdade e igualdade, podendo proporcionar o ideal de oportunidades de desenvolvimento com saúde, segurança, habitação digna e educação para todos.
 
 

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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