A geração Y e o mercado de trabalho

Um dos debates atuais, do mundo do trabalho, está associado as crescentes disrupturas comportamentais ocasionadas pela geração Y e tantas outras que serão estimuladas pela geração Z, que logo estará no mercado de trabalho.

A geração Y se desenvolveu em uma época de grandes avanços tecnológicos, ampliação das oportunidades na área da educação e com estabilidade econômica. Cresceu brincando de Barbie e jogando videogame. Possui acesso aos mais variados bens materiais e de consumo duráveis e usufruem de um mix variado de alimentação, diferentemente da origem e desenvolvimento de seus antepassados. Para esta geração o mundo está aí e é para ser vivido.

Neste contexto o desafio é compreender o comportamento destes jovens que foram e continuam sendo estimulados por diferentes atividades, tendem a ser ansiosos e possuem certa dificuldade em exercer carreiras subalternas no início de sua trajetória, necessitando de constantes feedbacks.

No ambiente de trabalho o profissional da geração Y é pragmático no que se refere ao exemplo dado pela chefia: não pode haver contradição entre o que o chefe fala e o que o chefe faz.

As expectativas com o trabalho estão associadas à flexibilidade de horário e qualidade de vida. Este profissional não quer ficar preso ao trabalho ou trabalhar aos sábados pela manhã. Não tem vocação para ser workaholic.

O trabalho ideal é aquele que favoreça o desenvolvimento pessoal com o profissional. O desejo deste profissional é conciliar as metas do trabalho com as suas metas pessoais.

A relação com o tempo é a principal fonte de ansiedade desta geração. Estes jovens não gostam de rotina, de ficar fazendo a mesma coisa por horas, precisam de uma pausa ou respiro a cada duas horas. Esta geração não almeja se estabelecer em um único emprego. Se em dois anos a empresa não apresentou um plano de carreira para este profissional, a tendência natural será de novos voos.

Esta geração tem uma relação mais íntima com a internet do que com os livros. Quando precisam de atualização ou de algum conhecimento específico procuram sites que englobem o maior conjunto de informações sobre o tema em questão.

Para esta geração a cidadania é um tema superficial. Não são motivados a mobilização ou a participação política. A principal adesão desta geração se limita ao compartilhamento nas redes sociais, mas apenas de temas ou ações que tenham credibilidade ou sensibilizem uma pauta específica.

Quanto maior for o conhecimento sobre o comportamento e a tendência de cada geração, maior será a capacidade de relacionamento, de embate ou até mesmo de resiliência. Não podemos esquecer que as mudanças de comportamento estão associadas as mudanças do meio, da conjuntura, do mundo. Sociologicamente, somos reflexos do meio.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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