A igreja católica e o marketing

      A Igreja Católica pode ser bastante ilustrativa quando o assunto é marketing. Vejamos como.       O "produto" que a Igreja estava oferecendo(orientações para a vida …

      A Igreja Católica pode ser bastante ilustrativa quando o assunto é marketing. Vejamos como.
      O "produto" que a Igreja estava oferecendo(orientações para a vida e conforto espiritual) deixou de ser atraente para os seus "consumidores"(fiéis), assim como acontece a uma empresa que fabrica um produto ou presta um serviço e este deixa de ser interessante para o seu target.
      Fazendo uma rápida análise, podemos citar, entre as razões para este afastamento dos fiéis, a excessiva rigidez da Igreja Católica, não se modernizando(a proibição do uso da camisinha em tempos de Aids, bem como a proibição de relações sexuais, exceto para procriação, em tempos de sexualidade tão aberta e presente nas ruas, são dois exemplos).
      O alerta é que, mesmo uma instituição tão poderosa e antiga(quase 2 mil anos de existência, quantas empresas têm este tempo de operação?) como a Igreja Católica, pode vir a enfrentar a debandada de seus clientes/fiéis.
      Muitas empresas e organizações se baseiam em seu poder e antiguidade para descansarem confortavelmente sobre os louros da vitória e não fazer esforços no sentido de mudanças.
      Outro alerta: além de seus "concorrentes" antigos passarem a ocupar o espaço deixado, surgiram novos concorrentes, entre os quais podemos citar a Igreja Universal do Reino de Deus, do "bispo"Edir Macedo. Longe de mim fazer um juízo sobre os dogmas das igrejas, até porque não tenho tanto conhecimento assim sobre o tema. E também não quero fazer um comparativo entre o que uma igreja e outra oferecem, pois até onde sei, a Igreja Universal tem uma finalidade de arrecadação, mais do que qualquer outra coisa. O objetivo é o de analisarmos como uma grande instituição, de 2 mil anos, milhões de seguidores/clientes, com poder incalculável, pode ser abalada por concorrentes.
      E por que os clientes/fiéis(em marketing, está sempre se falando em como fidelizar clientes; a Igreja Católica já tem milhões destes) abandonaram a Igreja Católica e foram para outras igrejas? Porque passaram a encontrar nestas outras igrejas a satisfação para suas angústias e inquietações. Assim, estamos falando em ter um produto mais adequado ao cliente. E isto é puro marketing. Numa das mais brilhantes definições de marketing, Peter Drucker diz que "o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua. A meta é conhecer e compreender tão bem o cliente que o produto ou o serviço se adapte a ele e se venda por si só."
      Portanto, amigos leitores, o negócio é manter os olhos sempre bem abertos. Não adianta o empresário estar confortavelmente sentado na sua cadeira, na sua sala com a placa "presidente" na porta, imaginando que os ventos não afetam uma estrutura tão sólida como a estrutura da sua empresa, que tem anos de mercado, liderança no segmento e muitos milhões de dólares de patrimônio. Especialmente nos dias de hoje, isto não é mais garantia de nada. O Titanic não afundava, os EUA eram invioláveis, do ponto de vista bélico, e a Igreja Católica não precisava se preocupar com nada.
      Para concluir, poderia analisar a postura da Igreja Católica frente à recente divulgação de casos de padres homossexuais ou pedofílicos, como um exemplo de atitude positiva. A Igreja cortou na própria carne. Assumiu o problema e disse que puniria com rigor estes casos. Claro que a divulgação destes problemas abala a imagem da Igreja. Mas em casos semelhantes, como foi o do Tylenol, nos EUA(causou a morte de algumas pessoas, o fabricante retirou do mercado todo o lote suspeito de contaminação) e, recentemente, do biscoito Trakinas, que na Páscoa incluiu um brinquedo na sua embalagem(causou um acidente, ferindo um menino, o fabricante também retirou todo o lote do mercado), mostram que, em casos de crise, a melhor alternativa para as organizações é serem o mais transparente e ágeis possível. O consumidor mantém a confiança na empresa/organização. O resultado disto é o fortalecimento do vínculo cliente x empresa. Ao menos neste caso, dos padres pedofílicos ou homossexuais, a Igreja está agindo com correção, do ponto de vista do marketing. O resultado final será positivo, podem apostar.
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