A paranóia está solta

      Nos tempos idos da faculdade, nos anos 70 (bem no final deles, prá falar a verdade), a posição das pessoas mediante quaisquer fatos TINHA …

      Nos tempos idos da faculdade, nos anos 70 (bem no final deles, prá falar a verdade), a posição das pessoas mediante quaisquer fatos TINHA de ser expressa, sob o risco de você ser confundido com uma pessoa indiferente, o que já era uma posição incômoda. E a sua primeira opinião TINHA de ser, ANTES de uma segunda avaliação, se você era a favor ou contra. Sobre o que quer que fosse, com o perdão das versões em contrário. Aqui entre nós, misturei um pouco os tempos e, diante de fatos de perseguição política e morte (como assassinatos de prefeitos do Partido dos Trabalhadores em São Paulo/BR), me vi obrigada a imaginar: e se as pessoas fossem forçadas a tomar posições mais radicais sobre os fatos, de agora em diante tão rapidamente que não conseguiriam evitar a evolução da fatídica pergunta: voltará a situação de ditadura ao Brasil? Voltaremos ao maniqueismo sobre o qual falávamos outro dia, até com certa nostalgia? E se voltarmos? Em um filme, outro dia, no Guion, o tema guerra civil espanhola, que apenas começara, mostrava pessoas que deveriam se decidir publicamente pelo sistema, ou seja, declarar seu lado. Muitas são as pessoas que adotam o discurso da sobrevivência. Mas espero que, aqui entre nós, possamos fazer mais e cada vez mais lentos raciocínios, que não sejamos levados a opiniões maniqueístas sobre o bem e o mal, de uma hora para outra.
      Deixando de lado toda essa filosofia barata, minha função, pelo menos nessa cloluna é ser designer e sempre faço o melhor que posso. Não fizeram o mesmo aqueles policiais paulistas que não procuraram a origem da tal página na internet, da tal organização facínora, porque não havia documentos que solicitassem essa busca. É difícil aceitar que tenha sido realmente o que ocorreu. Portanto, interleitores, como pude comprovar, ou pelo menos tentei mostrar, a paranóia está solta. As pessoas já estão fazendo juízo moral rapidamente demais e as forças contrárias, que deverão, sob o céu de fevereiro, agir pela preservação do planeta, estão falando, infelizmente de planetas diferentes. Mas acredito, mesmo, que um outro planeta é possível. Sem over dose de qualquer tipo.
( [email protected])

Comentários