A vida é relativa

Uma das maiores descobertas científicas foi feita por Albert Einstein, pai da Teoria da Relatividade. Ele descobriu que o tempo é uma medida relativa, …

Uma das maiores descobertas científicas foi feita por Albert Einstein, pai da Teoria da Relatividade. Ele descobriu que o tempo é uma medida relativa, ao contrário do que se pensava até então. Na realidade, já se sabia que o tempo era relativo. Quem não conhece os intermináveis minutos passados na cadeira do dentista, por exemplo? Ou os minutos que passam tão rápido quando se está fazendo algo muito prazeroso? Só que Einstein fez desta percepção que as pessoas tinham, um fato. Criou uma teoria. E mudou a ciência.
Por quê pensar nisto? Porque estou vendo as manchetes de jornais, falando da frustração de alguns de nossos atletas não terem conquistado o ouro. Começou com a Daiane dos Santos, depois com o time de vôlei, com a vela, foram muitos os casos. Os meios de comunicação (e não só eles, mas muitas pessoas também) tratam o fato isoladamente. Fazem a seguinte leitura: na competição (Olimpíadas), nossos atletas não conseguiram ouro (com as honrosas exceções de Scheidt, Torben Grael e Ricardo e Emanuel). Só, assim. Objetivo e direto. E equivocado, ao menos do meu ponto de vista. Porque não relativizam. Não pegam a grande lição de Einstein e, mais do que dele, uma lição da vida. Nada na vida é absoluto, tudo é relativo. (Sobre isto, li uma vez uma coluna de Luis Fernando Verissimo que dizia que nada é na batata na vida, nem mesmo a batata.)
Não conquistamos ouro em outras modalidades? Uma pena, realmente. Mas vamos relativizar, vamos enxergar o contexto: quais de nossos atletas têm incentivo, estrutura e condições de competir com atletas de países de Primeiro Mundo? Vejamos a Daiane. Ela começou "velha" na ginástica e só muito recentemente passou a contar com o patrocínio e apoio da Brasil Telecom (um grande apoio, não resta dúvida. Mas se considerarmos toda a trajetória dela, se verá que é recente).
Vamos acordar: a grande maioria destes atletas são verdadeiros heróis. Deveriam receber medalha de ouro só por conseguirem disputar uma Olimpíada. São obstinados, apaixonados pelo que fazem e obstinados pela vitória e pela superação. Encerram em si lições de vida. Quantos de nós, diante das adversidades que estes enfrentaram não desistiriam no meio do caminho? Sejamos francos, gente.
A leitura absoluta e direta (de que não conquistamos mais ouro) é normalmente a mais fácil, porém a menos correta e adequada. Como faziam os sábios de antigamente (e na verdade como fazem os sábios de hoje), vamos enxergar o conjunto para não perder o sentido das coisas. Se não fizermos assim, corremos o risco de, a exemplo daquela piada, considerarmos que o indivíduo que está com os pés dentro do forno do fogão e a cabeça no freezer tem uma temperatura média ideal.
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