Altos e baixos no futebol e Marketing esportivo

Para quem investe e aposta no marketing esportivo e no futebol (no esporte, mas falarei mais especificamente do futebol hoje), recomenda-se têmpera. Fibra. Estômago. Não porque seja exatamente indigesto, mas porque altos e baixos fazem parte da vida deste esporte (e dos outros). Vitórias e derrotas. Ou, melhor dizendo: grandes vitórias e fragorosas derrotas podem acontecer, fazem parte da trajetória esportiva de qualquer atleta ou agremiação.

Isto porque por mais preparada que uma equipe esteja, por maior que seja o investimento, há diversos fatores em jogo: serão 11 pessoas contra 11 pessoas, há a arbitragem, o clima, o momento de tensão ou não, o imponderável do futebol, cansaço e - infelizmente - corrupção. Sim, ela ainda existe no universo do futebol como tem pipocado notícias aqui e ali, ao redor do mundo todo. Não são a regra, felizmente, mas acontecem. Vejo com bons olhos estas notícias, pois afinal elas servem para uma depuração de agentes, atletas, entidades e patrocinadores que estejam envolvidos em corrupção. Parece-me que rumamos para um mundo do marketing esportivo melhor, sem ser Alice no País das Maravilhas.

Mas voltando ao tema do título: são altos e baixos. Quando a Seleção Brasileira de futebol levou aqueles (fragorosos) 7 a 1 da Alemanha em pleno Brasil, exceto poucos fanáticos ninguém, comprou a camisa amarelinha por um bom tempo. O torcedor quer vestir a garra, a vitória, a conquista. Não quer andar por aí e participar do vexame. Foi escandaloso e o Brasil deveria ter tirado mais lições do que ocorreu, mas o aprendizado foi pequeno. Atualmente, como a Seleção vive um bom momento, parece para muitos que aquilo nunca ocorreu. Mas ocorreu, deveríamos nos debruçar sobre o fato e estudá-lo a fundo, para crescermos justamente quando ocorre a derrota. Amigos de vitoriosos são muitos e o sucesso inebria.

Exatamente o sucesso: ele vem como um tsunami (não no sentido de ocorrer por acaso). vem extremamente forte e vigoroso. Tive uma experiência pessoal/profissional muito curiosa: dirigia o marketing do Grêmio quando ele estava na série B. Dificuldades de todos os lados. Não havia jogadores para formar um time. Não havia dinheiro (a TV Globo, à época, reduzia a cota de TV pela metade no primeiro ano de rebaixamento (diferentemente do que ocorreu agora, com o Internacional)). Os resultados de campo estavam difíceis. Poucos interessados em associar sua marca à marca Grêmio (quer através de patrocínios, produtos licenciados, etc). Mesmo o torcedor, no início, via com muita desconfiança o que estava ocorrendo. Escassez. Então, a decisão do Grêmio subir ou não para a série A ficou para a última rodada, jogando contra o adversário na sua casa. Tensão total. Porém, o imponderável atuou, junto com a bravura de jogadores: o Grêmio ganhou depois de enfrentar as piores adversidades e dois pênaltis contra si (não convertidos pela equipe adversária), ter vários jogadores expulsos, confusão total. E então um jogador (Anderson) faz uma jogada ao final do jogo. Gol.

Narrei como foi para resgatar um pouco da emoção que (imaginem) tomou conta dos torcedores: explosão total. E aí chegamos ao ponto: no marketing do clube (este que vos fala), foi uma verdadeira avalanche de demanda. Uma explosão, como eu disse antes. Torcedores enlouquecidos querendo, na ordem: a camiseta que havia sido utilizada no jogo; itens alusivos, de preferência camisetas, à Batalha dos Aflitos (se possível, um DVD (dois foram produzidos, um deles às pressas)); por fim, QUALQUER item que levasse a marca Grêmio; queriam associar-se, queriam tirar fotos no Estádio Olímpico, junto do ônibus do Grêmio. Além da verdadeira avalanche de torcedores que foi ao aeroporto esperar pelos jogadores, comoção total e absoluta, carreata pela cidade.

Agora vejam a minha situação: as coisas não andavam bem, então o ritmo de produção de itens era mais lento, havia falta de recursos, a empresa que produzia o material esportivo tinha planejado um crescimento aritmético da entrega de camisetas oficiais. Com este fato novo, os torcedores literalmente enlouqueceram. A loja oficial, no estádio, estava sempre lotada, a ponto de termos que requerer policiamento a cavalo para conter os torcedores, que quase quebraram a vidraça de entrada, forçando o ingresso na loja. E como se faz marketing esportivo em uma (ótima, diga-se de passagem) emergência destas? Com criatividade. Tratei de licenciar T-Shirts alusivas ao Grêmio com vários fornecedores (já que o fabricante oficial estava demorando a entregar as camisetas oficiais, pois havia feito um planejamento, como eu disse), licenciamos todo o tipo de itens. O Quadro Social preparou-se para uma demanda explosiva, o que realmente aconteceu. Preparamos melhorias na visita guiada ao estádio, ao museu, tudo para atender a ânsia do torcedor (e do presidente, naturalmente, que me cobrava mais e mais agilidade e inovações para atender ao torcedor), mas tive que trocar o pneu do carro com ele em movimento, como se diz.

Naturalmente estou associando estes fatos à conquista de ontem, do Grêmio (tri campeão da Libertadores), claro. O marketing, estando bem planejado (o que acredito que esteja, pois o clube vem de um cenário muito mais favorável, tem uma equipe qualificada, não há a escassez de recursos que enfrentei (pelo time estar na série B e quebrado), o time conquistou no ano passado a Copa do Brasil (o que "embalou o torcedor e isto repercute diretamente no caixa) e com o time em campo tendo um desempenho de encher os olhos), tira todo o proveito possível de um momento como este e não há qualquer paralelo possível com a situação que enfrentei. Certamente o marketing do Grêmio vai surfar nesta grande onda, mais ainda se houver a conquista do Campeonato Mundial. Planejamento(levado a sério), criatividade, preparo de quem ocupa os cargos no Marketing(e mesmo na direção), informação e senso de oportunidade. São estes os ingredientes que fazem de um profissional de marketing esportivo alguém diferenciado no mercado. Que o Marketing do Grêmio pegue sua prancha e surfe nesta grande onda do sucesso!

DICAS DO GUION

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ESTREIAS

Com amor, Van Gogh (Animação-Drama-Biografia, Reino Unido-Polônia, direção de Dorota Kobiela e Hugh Welchman, 94min)

Thelma (Drama-Ficção Científica-Suspense, Noruega-França-Dinamarca-Suécia, direção de Joachim Trier, 117min)

Barreiras (Drama, Luxemburo-Bélgica, direção de Laura Schroeder, 112min)

PRÉ-ESTREIAS

A ópera de Paris (Documentário-Musical, França-Suíça, direção de Jean-Stéphane Bron, 110min)

Lucky (Drama, EUA, direção de John Caroll Lynch, 88min)

Em busca de Fellini(Drama, EUA, direção de Taron Lexton, 94min)

E seguem em cartaz os excelentes Lola Pater e Histórias de Amor que Não Pertencem a Este Mundo.

Venha conhecer sucessos de perto! Além do sucesso que são os filmes e as salas de cinema climatizadas, a cafeteria e suas delícias (um cafezinho antes e outro depois do filme, hein?), obras de arte fantásticas, livros escolhidos a dedo e CDs raros e importados. Não se acanhe! Aproveite o clima extremamente agradável e vá hoje mesmo assistir a uma das estreias ou pré-estreias! Saiba disto e mais em www.guion.com.br.

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